Para o escritor
irlandês, Oscar Wilde, o mundo está povoado por dois tipos de pessoas. Os cínicos, aqueles que sabem o preço de
tudo, mas não conhecem o valor de nada. E os sentimentais, aqueles que reconhecem um valor incomensurável em
tudo, mas não sabem o preço de nada.
Abrindo mão da
ironia do autor, podemos, também, dividir a espécie humana em duas classes: os
pragmáticos e os românticos. Chamaremos de pragmáticos, aquelas pessoas que
sabem o preço, por exemplo, da sua casa no mercado imobiliário. Mas,
dificilmente conseguem estabelecer um vinculo afetivo com ela. E de românticos,
aqueles que estabelecem primeiro um vínculo afetivo com a casa. O valor de
mercado, para eles, tem pouca influência na relação afetiva que mantem com a
casa.
Sem a carga moral
da ironia, podemos supor que essa perspectiva define, apenas, duas maneiras
diferentes de se relacionar com o mundo. Os pragmáticos são menos afetivos, mais
“pé no chão”. Os românticos são mais afetivos, vivem “nas nuvens”.
Geralmente, os
homens são mais pragmáticos e as mulheres mais românticas. Se a dose do
romantismo de um e do pragmatismo do outro é pequena, forma-se uma bela dupla.
Ele pode apreciar o modo como ela se relaciona afetivamente com o mundo a sua
volta. E ela se sente segura por saber que seu parceiro mantém os pés bem
firmes no chão. E no caso de ele ser o mais romântico, mais sonhador. É ela que
pode manter os projetos do casal amarado em bases sólidas.
No entanto,
quando a lógica matemática domina todos os interesses de um dos parceiros, e a
lógica poética domina o comportamento do outro, a convivência diária pode ficar
bem complicada. Com visões de mundo tão diferentes, a tendência de conflito, em
cada decisão do casal, é muito grande. Geralmente, o pragmático mantém com mão
de ferro suas decisões. Dentro da lógica do mercado, suas escolhas sempre serão
vistas com mais coerência. O outro, o romântico, será interpretado como muito
sonhador. E, portanto, não merece ser levado a sério.
Para que o
relacionamento se mantenha, o sonhador se inibe, passa a não expressar mais
suas ideias. Abre mão de seus sonhos e de seus desejos. Não porque esses sonhos
e desejos não tenham valor, mas porque o seu parceiro só sabe ver preços, não
sabe dar valor.
Maria
Holthausen
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