segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Relacionamento Homoerótico: Um Novo Modelo de Família




Falar da família contemporânea é falar das mudanças que essa instituição civil vem incorporando desde os meados do século passado. Se antes, os laços familiares eram formados apenas por critérios patrimoniais e biológicos, hoje, o elemento unificador da constelação familiar é o afeto. As famílias se formam através dos vínculos de amor e afeição. Estes, sim, são os verdadeiros elementos solidificadores da união familiar.

A família homoerótica, homoafetiva ou homoparental, é uma das várias formas da família contemporânea. Ela parte da união, por vínculo de afeto e desejo sexual, entre pessoas de mesmo sexo. Uma união que, embora aprovada pelo código civil, ainda sofre as consequências de muitos preconceitos.

Talvez, um dos maiores preconceitos, vividos hoje pelos casais homoeróticos, é o da adoção de crianças. Teme-se, por exemplo, que crianças adotadas por esses casais sofram a intolerância e, muitas vezes, o ódio irracional da sociedade pela opção de seus pais adotivos. Diz-se: - “Essas pessoas não estão levando em conta o sofrimento, causado na criança, pelo preconceito que pesa sobre os seus pais.”

Não sou ingênua, acredito que essas crianças viverão, sim, uma série de situações preconceituosas e terão que aprender a conviver com elas. Mas, por causa do preconceito, não podemos duvidar do direito desses casais de adotarem suas crianças. Muitas outras crianças sofrem com o preconceito social: as negras, as gordinhas ou muito magrinhas, as que nasceram com alguma diferença física ou emocional, e assim por diante.

A maioria dos adultos sofreu algum tipo de preconceito na infância e teve que aprender a conviver com eles. E afinal, muito mais importante que o preconceito é o afeto, a educação e a segurança que os casais homoparentais podem oferecer a uma criança que vive em um abrigo institucional. Crianças precisam de dedicação, cuidado, respeito e amor, precisam de alguém que lhe dê condições para crescer de maneira saudável, tendo seus direitos e deveres observados e respeitados. Nenhum abrigo, por melhor que seja, pode oferecer essas condições.

Portanto, se nos preocupamos com o preconceito que essas crianças podem vir a sofrer, temos que arregaçar as mangas e começar a colocar um basta no preconceito. O erro é o preconceito, não esse modelo de adoção. As escolas precisam estar mais preparadas para lidar com as novas formas de famílias. Assim como todos os profissionais que trabalham nas várias etapas do processo de adoção.  

Maria Holthausen

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