Falar da família
contemporânea é falar das mudanças que essa instituição civil vem incorporando
desde os meados do século passado. Se antes, os laços familiares eram formados
apenas por critérios patrimoniais e biológicos, hoje, o elemento unificador da
constelação familiar é o afeto. As famílias se formam através dos vínculos de
amor e afeição. Estes, sim, são os verdadeiros elementos solidificadores da união
familiar.
A família homoerótica, homoafetiva
ou homoparental, é uma das várias formas da família contemporânea. Ela parte da
união, por vínculo de afeto e desejo sexual, entre pessoas de mesmo sexo. Uma
união que, embora aprovada pelo código civil, ainda sofre as consequências de
muitos preconceitos.
Talvez, um dos maiores preconceitos,
vividos hoje pelos casais homoeróticos, é o da adoção de crianças. Teme-se, por
exemplo, que crianças adotadas por esses casais sofram a intolerância e, muitas
vezes, o ódio irracional da sociedade pela opção de seus pais adotivos. Diz-se:
- “Essas pessoas não estão levando em conta o sofrimento, causado na criança,
pelo preconceito que pesa sobre os seus pais.”
Não sou ingênua, acredito que essas
crianças viverão, sim, uma série de situações preconceituosas e terão que
aprender a conviver com elas. Mas, por causa do preconceito, não podemos
duvidar do direito desses casais de adotarem suas crianças. Muitas outras
crianças sofrem com o preconceito social: as negras, as gordinhas ou muito
magrinhas, as que nasceram com alguma diferença física ou emocional, e assim
por diante.
A maioria dos adultos sofreu algum
tipo de preconceito na infância e teve que aprender a conviver com eles. E afinal,
muito mais importante que o preconceito é o afeto, a educação e a segurança que
os casais homoparentais podem oferecer a uma criança que vive em um abrigo
institucional. Crianças precisam de
dedicação, cuidado, respeito e amor, precisam de alguém que lhe dê condições
para crescer de maneira saudável, tendo seus direitos e deveres observados e
respeitados. Nenhum abrigo, por melhor que seja, pode oferecer essas condições.
Portanto,
se nos preocupamos com o preconceito que essas crianças podem vir a sofrer, temos
que arregaçar as mangas e começar a colocar um basta no preconceito. O erro é o
preconceito, não esse modelo de adoção. As escolas precisam estar mais
preparadas para lidar com as novas formas de famílias. Assim como todos os
profissionais que trabalham nas várias etapas do processo de adoção.
Maria
Holthausen
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