Durante um longo tempo, os estudos
de gênero foram realizados quase que exclusivamente por pesquisadoras
feministas, passando, nos últimos anos, a despertar o interesse de
pesquisadores não militantes como antropólogos, sociólogos e historiadores
renomados.
Por consequência, as questões se
diversificaram e as perspectivas de observação e pesquisa se multiplicaram,
transformando os estudos de gênero num consistente campo de produção de saber. Advém dessa área de pesquisa a constatação de
que o modelo patriarcal do “homem” e da “mulher”, já não sustenta as novas
identidades. Na sociedade contemporânea, dizem esses pesquisadores, não existe
a possibilidade de eleger um único modelo que sirva como referência para todos.
No campo da feminilidade,
acompanhamos, pessoalmente ou através das narrativas históricas, o movimento
feminista na luta pela desconstrução dos arquétipos tradicionais da construção
do feminino. Nos últimos anos, a mulher mudou. Como disse um amigo outro dia: “Hoje,
elas querem tudo. É difícil achar uma mulher que simplesmente queira ser mãe e
esposa.”
No campo da masculinidade, o modelo
de homem, produzido pela sociedade patriarcal, vem sendo tão questionado que
foi obrigado a abrir espaços para outras masculinidades mais flexíveis e
plurais. Algo que era visto como natural - “o poder do macho” - passou a ser seriamente
problematizado.
A identidade masculina passou de uma
inflexibidade poderosa para uma participação interativa flexível. No modelo
tradicional, o homem era visto como alguém forte e firme em suas decisões,
inflexível em sua vontade pétrea, machista e egoísta. Nesses novos tempos, mais importante
que dar ordens é convencer e seduzir; melhor que ser sempre igual, é mostrar-se
criativo, respondendo diferentemente, conforme o aspecto de cada circunstância.
Hoje, sem o modelo fixo, que
assegure a identidade, alguns homens se sentem mais a vontade para experimentar
novas vivências afetivas. Outros reagem
atordoados, procurando novas formas de ser que lhes devolvam a segurança
perdida. Para isso, hipertrofiam os traços machistas em academias, fabricam
abdomens tanquinhos, ao mesmo tempo em que vão perdendo a vergonha de confessar
seu interesse nos melhores cremes, na cirurgia plástica e nas mais fascinantes
e eletrizantes combinações de roupa.
Concluindo. No mundo pós-moderno
tornou-se obsoleto o debate maniqueísta: Homem x Mulher.
Maria
Holthausen
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