quinta-feira, 24 de março de 2011

Liderança e Comunicação



Em recente visita ao Brasil, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, esbanjou carisma e simpatia. Mostrou-se um líder comunicativo, característica muito valorizada no mercado profissional. No início de seu pronunciamento no Rio de Janeiro, Obama chegou a dizer algumas palavras em português, em uma demonstração de atenção para com a platéia. Essa disposição em falar a língua do expectador serve de exemplo a gestores no mercado corporativo, afinal, a fluência da comunicação entre os variados níveis hierárquicos ainda deixa a desejar em muitas empresas.

Quem trabalha com gestão de carreira elogia o comportamento comunicativo de Obama. Gestores com esse perfil são extremamente benéficos para as empresas e devem ser incentivados pelo setor de Recursos Humanos. Mas muitas empresas ainda não têm por prática facilitar a comunicação entre todos os níveis hierárquicos.

Na tentativa de mudança da cultura individualista de certas chefias, sugere-se que o Departamento de RH organize encontros entre colaboradores e o presidente da companhia. Pode ser um café com o presidente, ou mesmo uma reunião informal. Esses encontros dão a oportunidade ao subordinado de expressar suas ideias diretamente ao presidente ou ao diretor, e todos ganham com isso. O funcionário  passa a se sentir valorizado e motivado, não apenas mais um número dentro da corporação. Afinal, equipe valorizada e motivada gera resultados positivos.

No entanto, em boa parte das corporações o cuidado com as relações entre a diretoria e os funcionários é bastante falho. Algumas empresas ainda não perceberam a necessidade de aproximação entre os dois elos do processo produtivo para melhoria dos resultados, pois quando o funcionário sente que suas ideias são ignoradas, ele tende a ficar desmotivado. Nessas horas, a chefia erra ao substituir o profissional sem comunicar-se melhor com ele. Só depois, quando os problemas persistem, é que o gestor se dá conta de que o problema não era o profissional, mas aspectos culturais da companhia e processos internos de gestão.

As empresas que primam pela facilidade de comunicação acreditam que essa interação ajuda a otimizar o capital humano. Na política de portas abertas, compreender e ouvir o cliente interno são vetores fundamentais. Com esse novo fluxo de comunicação, consegue-se tomar as decisões estratégicas mais rapidamente e isso melhora o andamento de projetos.

Referencias: Canal RH

segunda-feira, 14 de março de 2011

Poeta(ndo)




A maior riqueza do homem
é a sua incompletude.

Nesse ponto sou abastado.

Palavras que me aceitam como

sou - eu não aceito.

Não agüento ser apenas um

sujeito que abre

portas, que puxa válvulas,

que olha o relógio, que

compra pão às 6 horas da tarde,
que vai lá fora,

que aponta lápis,

que vê a uva etc. etc.

Perdoai

Mas eu preciso ser Outros.

Eu penso renovar o homem

usando borboletas.


Manoel de Barros

terça-feira, 1 de março de 2011

Felizes para sempre?



Nunca gostei do clichê que os padres costumam repetir na cerimônia de casamento, que diz mais ou menos assim: “Duas chamas que agora se encontram para formar uma só”.
Já fui a um casamento em que essa ideia era encenada. O padre entregava uma vela para o noivo, outra para a noiva, pedia que eles unissem as chamas das duas velas e nesse encontro literal das duas chamas, repetia o tão famoso clichê. Muita gente a nossa volta suspirava: “Tão lindo”. A minha filha, que devia ter na época uns oito anos, olhou para mim e disse baixinho: “Mãe! Essa história na vida real não dá muito certo, né?” Sorrimos com cumplicidade.

É isso, nenhum outro discurso é tão cheio de clichês quanto o discurso romântico. Desde muito cedo somos mergulhados em narrativas românticas. Quem não passou a infância escutando história de príncipes e princesas? Branca de Neve, Cinderela, A Bela Adormecida, Rapunzel e tantas outras, fazem parte das “mulheres princesas” salvas por um príncipe jovem, lindo e heróico.

Esses personagens românticos estão tão enraizados em nosso imaginário que quando crescemos substituímos as histórias infantis pelas comédias românticas, de preferência com final feliz, que a indústria do cinema não para de produzir.

A princípio, não podemos condenar o romantismo amoroso. Afinal, ele pode ser um elemento poderoso nesse caldo hiper-realista da sociedade tecnológica e de consumo em que estamos mergulhados.

O que assusta é o olhar demasiadamente romântico em algumas relações amorosas. O que assusta é quando as pessoas tomam a narrativa romântica como ideal de vida: quando se passa a desejar que a união se transforme em metamorfose. Quando homens e mulheres se deixam metamorfosear-se em objeto do desejo e do gozo do outro, abrindo mão de suas singularidades para viver a ilusão romântica de terem sido salvos por seus príncipes e princesas.

Uso o termo metamorfose para falar desse processo de transformação intenso, radical e de pouca consciência que algumas pessoas passam quando entram numa relação amorosa. Um processo que elas, em momentos pontuais, se dão conta; mas que não tem força para resistir. E por não conseguir resistir, cada vez mais, vão se transformando em coadjuvante de sua própria história. Vivem em função das demandas e caprichos de seus heróis e, por isso mesmo, alienados de seus próprios desejos. Até o dia em que o príncipe e a princesa viram sapos, e o conto de fada vira um drama “mexicano”, ou pior, uma tragédia “grega”.