sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Um encontro que vira um conto



"Tinha que Ser Você", o filme escrito e dirigido por Joel Hopkins, oferece uma perspectiva deliciosa sobre as condições que fazem um amor acontecer. É a história de um encontro casual que transforma a vida dos protagonistas.



É possível, dizem algumas críticas, ver o filme como uma parábola em prol da ideia de que nunca é tarde demais para deixar que um amor nos dê um novo rumo. Afinal, Harvey (Dustin Hoffman) está na casa dos sessenta, e Kate (Emma Thompson) na dos cinquenta.


Tendo como pano de fundo a gelada, mas sempre bela e acolhedora cidade de Londres, o filme começa mostrando a vida de Harvey e de Kate. Duas pessoas de meia idade que não conseguiram aventurar-se a viver os seus sonhos: ser pianista de jazz para Harvey, e romancista para Kate. Os dois estão sozinhos e conformados com a mediocridade afetiva de suas vidas: Kate se tornou a filha que cuidará para sempre da velha mãe, e Harvey já desistiu de ser o pai da filha de quem ele se distanciou, muitos anos antes, no divórcio que o separou da mãe dela.


O deserto afetivo dessas duas pessoas começa a mudar quando Harvey encontra Kate, uma funcionária de censo do aeroporto de Londres. Decepcionado, por se sentir deslocado no casamento da própria filha, Harvey inicia a conversa com Kate sem apelar para o discurso da sedução. A conversa deles começa quase como um desabafo, pois Harvey se apresenta confessando o fracasso de sua vida.


Kate não se assusta, nem se compadece. Aceita o tom do diálogo e escuta com atenção a história que aquele homem lhe oferece. Harvey não é nenhum príncipe encantado, nem um super herói. Mas é um homem que acabou de constatar a sua enorme solidão. Kate se aloja com maestria no espaço aberto por essa constatação.


Uma trama romântica – nada de comédia romântica – que se desenrola em diálogos simples, comum mesmo, entre os dois personagens caminhando pela cidade de Londres. “Tinha que ser você”, ou “Last Chance Harvey” – última chance de Harvey -, conta a história de um amor que não surge da sedução e do charme, mas da coragem de constatar a própria solidão, e da ousadia de se arriscar.






quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010



Cuidado com a tristeza. Ela é um vício.

Gustave Flaubert

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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

A arte da amizade


Um amigo é uma coisa muito boa, e se ele for daqueles que não te patrulham, não te invejam, não te analisam nem discutem a relação, é bom demais. Um amigo que te aceita do jeito que você é, não faz perguntas indiscretas, te entende pelo olhar, e não é, jamais, invasivo. Um amigo que nunca pergunta "em que você está pensando?", que é leve, que tem o hábito saudável de não se aprofundar sobre nenhum assunto - só a pedidos.

Danuza Leão


segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

A vida é o resultado de nossas escolha


Os jovens de hoje divide-se basicamente em dois grupos. Um grupo é formado por aqueles que apostam em uma boa formação escolar. Têm consciência de que o mercado de trabalho exige, cada vez mais, formação e conhecimento. Que uma boa formação técnica e teórica é a base – diria até mesmo, o mínimo – para dar os primeiros passos no mercado de trabalho. São jovens que terminam a Faculdade cedo - entre 22 e 24 anos -, e continuam a estudar: viajam, fazem mestrado, especialização, estágios... Esses, hoje, são os transgressivos. Aprenderam que o conforto do ninho, depois da adolescência, pode se transformar em um beco sem saída existencial. Que o autoaprisionamento – leia-se: a dificuldade de sair da casa dos pais – conduz a uma postura infantilizada, e a impossibilidade de reinventar-se.


O outro grupo é formado por aqueles que consomem. Esses, os consumistas, têm grandes chances de desenvolverem a síndrome de Peter Pan. Eternas crianças, sempre dependentes dos pais, só saem do ninho para ir ao shopping. Suas aventuras, namoros, amizades e conhecimento estão circunscritas ao mundo virtual. Os que vão para a Faculdade – na maioria das vezes, obrigados por pais desesperados – dormem, literalmente, em sala de aula. Afinal, não é fácil passar a noite toda na internet e, no dia seguinte, se manter acordado ouvindo um adulto “falar um monte de bobagens”.


É um triste espetáculo a luta desse grupo de Peter Pans contra o mundo adulto. É triste, porque é uma luta sem luta. Eles não sabem lutar, porque nunca precisaram aprender. Estão perfeitamente adequados à casa dos pais. Então só o que lhes resta é recalcar o crescimento. Sempre crianças, fingem que o tempo não passa: Continuam com os caprichos infantis. Fazem as mesmas birras. Falam a mesma linguagem. Não puderam abdicar do mundo infantil, por isso, repetem-se infinitamente.


Existe responsabilidade, culpa ou medo dos pais que levariam os filhos a escolherem o primeiro ou o segundo caminho? Acredito que não. Crescer não é fácil, mas é sempre uma escolha. A vida é resultado de nossas escolhas. O que precisamos é nos responsabilizar por elas.



terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

O direito a intimidade



As belas almas que pregam a abolição do segredo e a transparência da vida particular não se dão conta do processo que iniciam. É pela violação da intimidade que começam os regimes, e as relações totalitárias.

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