Os jovens de hoje divide-se basicamente em dois grupos. Um grupo é formado por aqueles que apostam em uma boa formação escolar. Têm consciência de que o mercado de trabalho exige, cada vez mais, formação e conhecimento. Que uma boa formação técnica e teórica é a base – diria até mesmo, o mínimo – para dar os primeiros passos no mercado de trabalho. São jovens que terminam a Faculdade cedo - entre 22 e 24 anos -, e continuam a estudar: viajam, fazem mestrado, especialização, estágios... Esses, hoje, são os transgressivos. Aprenderam que o conforto do ninho, depois da adolescência, pode se transformar em um beco sem saída existencial. Que o autoaprisionamento – leia-se: a dificuldade de sair da casa dos pais – conduz a uma postura infantilizada, e a impossibilidade de reinventar-se.
O outro grupo é formado por aqueles que consomem. Esses, os consumistas, têm grandes chances de desenvolverem a síndrome de Peter Pan. Eternas crianças, sempre dependentes dos pais, só saem do ninho para ir ao shopping. Suas aventuras, namoros, amizades e conhecimento estão circunscritas ao mundo virtual. Os que vão para a Faculdade – na maioria das vezes, obrigados por pais desesperados – dormem, literalmente, em sala de aula. Afinal, não é fácil passar a noite toda na internet e, no dia seguinte, se manter acordado ouvindo um adulto “falar um monte de bobagens”.
É um triste espetáculo a luta desse grupo de Peter Pans contra o mundo adulto. É triste, porque é uma luta sem luta. Eles não sabem lutar, porque nunca precisaram aprender. Estão perfeitamente adequados à casa dos pais. Então só o que lhes resta é recalcar o crescimento. Sempre crianças, fingem que o tempo não passa: Continuam com os caprichos infantis. Fazem as mesmas birras. Falam a mesma linguagem. Não puderam abdicar do mundo infantil, por isso, repetem-se infinitamente.
Existe responsabilidade, culpa ou medo dos pais que levariam os filhos a escolherem o primeiro ou o segundo caminho? Acredito que não. Crescer não é fácil, mas é sempre uma escolha. A vida é resultado de nossas escolhas. O que precisamos é nos responsabilizar por elas.
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