segunda-feira, 30 de maio de 2011

Entre um amor e outro


Será que a felicidade é estar com alguém? Para alguns, pode ser que sim. Para outros, pode ser que não. Se por qualquer motivo você não ficou com aquela pessoa que parecia “ideal”, talvez seja este um bom momento para uma parada estratégica, tão útil entre uma decepção e outra.

Deixe-se ficar fora da curva do tempo. Mergulhe em um novo fluxo de tempo. Abra um espaço para pensar sobre os seus valores. Para observar as pessoas e ouvir o que elas dizem. Para questionar suas certezas. Para aprender, crescer, ter uma nova conduta, desenvolver uma nova postura. Lembre-se que para ver o novo é preciso estar atento: sem tanta ansiedade, sem tanto desespero para tentar fazer com que as coisas aconteçam do jeito e na hora que você quer.

Aguarde até que a vida lhe mostre um novo caminho a seguir. E se nenhuma resposta vier, talvez signifique que você precisa respeitar o silêncio. Aceitar a ausência de quem você tanto deseja encontrar.

Às vezes, não encontramos respostas simplesmente porque não existem respostas nem explicação. Apenas a vida, as cores, o silêncio e nós mesmos. Se você insiste em não aceitar, em brigar, em se rebelar, em se revoltar, conseguirá tão somente mais dor e menos amor.

Aceite que você não tem o controle de tudo, que a vida tem seu próprio ritmo. Aprenda a compor a vida com as neblinas do silêncio. Faça o que está ao seu alcance; faça a sua parte da melhor maneira que puder. E jamais esqueça as palavras do poeta: “o valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis”.



segunda-feira, 23 de maio de 2011

Filhos programados para o sucesso

Freud dizia que não dava palpites no tema da educação infantil, porque sabia que o desejo dos pais é que cria as regras da educação em cada família. Portanto, para Freud, não a regras que possam ser universalizadas quando se trata de educação. O que pode prevalecer é o bom senso e o respeito ao outro. No entanto, é assustador acompanhar pela mídia o sacrifício que alguns pais impõem a seus filhos em nome de uma “boa educação”.

O aumento das expectativas dos pais em relação ao sucesso dos filhos tornou-se uma sobrecarga para as crianças. O exemplo mais conhecido desse excesso de expectativa é o de Suri Cruise, filha dos atores Tom Cruises e Katie Holmes, que com apenas três anos de idade fazia aulas de francês, inglês, balé clássico e moderno, piano, violino, ginástica e futebol americano.

Mas se você pensa que esse excesso está relacionado apenas a filhos de pais famosos ou de classe média alta, está muito enganado. Outro dia, li uma reportagem sobre os três filhos da dona de casa Marilene, moradora da favela da Rocinha - RJ: Bruno, de 10 anos, Gabriel, de 14 anos e Thaís de 16; também têm uma rotina puxada. “O mais novo faz parte da ONG Pensando Junto, e concilia a escola à tarde com atividades na parte da manhã. Às segundas feiras, ele faz aula de português; às terças, de maquete; às quartas faz rap; quinta, hip hop e sexta DJ. Ainda faz aulas além desse projeto, à noite, aulas de filmagem e, aos domingos, de futebol”, conta a mãe. Os outros dois não tem agenda menor.

Uma questão que está por trás do nível excessivo de expectativa dos pais é o desejo de que os filhos tenham oportunidade melhores do que eles tiveram. E o controle dessa expectativa não é algo muito fácil. Esse processo se inicia antes mesmos da gestação, já no imaginário dos pais. O nascimento de um filho se dá, primeiro, do ponto de vista psicológico e emocional e, só depois, é que ele nasce biologicamente. Quando um casal decide ter um filho, esse filho já existe no imaginário de cada um dos pais, e essa imagem é baseada no desejo que cada um tem daquele filho. O nome, as roupas, o quarto, todas essas etapas já fazem parte de uma construção de quem, como e o que os pais desejam que essa criança seja.

Portanto, é “normal” que os pais tenham seus projetos e expectativas para o futuro dos filhos. Mas isso não quer dizer que os filhos possam ser tratados como posse dos pais. Os filhos só devem ser encarados como um projeto de vida dos pais se esse projeto for bem mais amplo do que o futuro pessoal da criança. Educar um filho para que ele contribua para a vida ética, para que tenha autonomia, para que aprenda a ter respeito próprio e ao outro, por exemplo, pode, sim, ser um projeto de vida dos pais.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Os amores que não se deixam dizer



Na semana passada o Supremo Tribunal Federal reconheceu, por unanimidade, a figura da união estável para casais homossexuais. Ainda bem atrás do estado Argentino, que em 2010 aprovou por lei o casamento homossexual, demos, finalmente, um passo importante na direção da descriminação das relações homoafetivas.

Entre muitos aplausos e algumas vaias vamos, aos poucos, aprendendo a conviver com as diferenças. Pois, se é justo que casais heterossexuais possam herdar os bens um do outro, estabelecer vínculos previdenciários e adotar crianças, não há razão para deixar de estender esses mesmo direitos a casais do mesmo sexo. Afinal, um cidadão é um cidadão independente da sua escolha sexual.

Não podemos ser ingênuos e acreditar que o preconceito vai diminuir por força de lei. Os preconceitos têm raízes culturais profundas. São sentidos cristalizados em valores. Entendemos que preconceito é recusar a algumas pessoas a possibilidade de se realizar afetivo-sexualmente só porque não têm a mesma preferência sexual da maioria. Na verdade quando admitimos a dicotomia entre o “homossexual” e o “heterossexual”, que nos parece absolutamente intuitiva e evidente por si mesma, ela já é um elemento da crença que põe em relevo e sublinha as características sexuais dos sujeitos. Tal oposição nada tem de perceptualmente espontânea. O sujeito homossexual nada mais é que uma realidade linguística, e não uma realidade natural. É uma forma de subjetividade que como qualquer subjetividade pode ser historicamente circunscrita em seu modo de expressão e reconhecimento.

É muito provável que a lei que permite o casamento civil entre os homossexuais, ainda leve muito tempo a ser aprovada pelo Congresso. Mas temos que admitir que a aprovação dessa garantia jurídica causa efeitos positivos imediato, e traz a esperança de novas aberturas a longo prazo. Sei, por exemplo, que para muitos pais, uma grande preocupação com as relações homossexuais de seus filhos era a falta de segurança e de garantias legais desses relacionamentos. Esses direitos, agora, estão garantidos por lei.



segunda-feira, 16 de maio de 2011

O SESC Florianópolis convida você para uma imersão na música erudita. Ao longo de seis dias de evento, serão realizadas sete oficinas, cinco concertos e uma mesa-redonda sobre o tema. Participe!

Programação
Dom.15- 9h ABERTURA PAUTA CONTEMPORÂNEA – Teatro SESC Prainha - Livre


Seg.16 – 20h CONCERTO com Pauxy Gentil-Nunes, Alexander Schubert, José Wellington e Doriana Mendes – Teatro SESC Prainha - Livre


Ter.17 – 19h MESA-REDONDA: A Nova Música e o Músico no Panorama da Música de Concerto – Teatro SESC Prainha - Livre


Qua.18 – 20h CONCERTO com Alberto Heller: Obras para Piano – Teatro SESC Prainha - Livre


Qui.19 – 20h 2º CONCERTO com Pauxy Gentil-Nunes, Alexander Schubert, José Wellington e Doriana Mendes – Teatro SESC Prainha - Livre


Sex.20 – 20h SARAU LIVRE – Teatro SESC Prainha - Livre


Sab.21 – 16h CONCERTO DE ENCERRAMENTO – Teatro SESC Prainha - Livre


Ingressos para os concertos: R$ 0,50 (comerciários e estudantes)

R$0,90 (empresários e conveniados) e R$ 1,00(usuários)


Oficinas Inscrições gratuitas na Central de Atendimento do
SESC Florianópolis

Telefone: (48) 3229-2200

16 a 20

9h às 12h35 Oficina de Violino (10 vagas) - Sala de Música II – livre


16 a 20

9h às 12h35 Oficina de Canto (15 vagas) - Sala de Música I – Livre


16 a 20

9h às 12h35 Oficina de Piano (20 vagas) – Teatro SESC Prainha – Livre


16 a 20

9h às 12h35 Introdução à composição (aberta a professores, compositores e instrumentistas em geral / 20 vagas) - Sala Multiuso – Livre


16 a 20

14 às 18h Oficina de improvisação livre (aberto a qualquer instrumento / 20 vagas) – Teatro SESC Prainha – Livre


16 a 20

14 às 18h Prática de conjunto de cordas (violino, viola, violoncelo e contra-baixo / 15 vagas) - Sala de Música I – Livre


16 a 20

14 às 18h Música de Câmara (40 vagas) - Sala Multiuso – Livre



SESC Florianópolis

Travessa Siryaco Atherino, 100

CEP: 88020-180 - Florianopolis - SC

(48) 3229-2208
(48) 3229-2209

http://www.sesc-sc.com.br/

www.twitter.com/sesc_sc

http://blogs.sesc-sc.com.br/cultura




quarta-feira, 11 de maio de 2011



Professora Tânia Neves

CURSO DE RECICLAGEM GRAMATICAL

O objetivo do curso é proporcionar aos profissionais de todas as áreas a oportunidade de relembrar as regras gramaticais, necessárias para a comunicação escrita.

Aborda: falhas de concordância, ortografia, regência, crase, vírgula, hífen, colocação pronominal, formação de plural, uso de pronomes relativos e erros mais comuns.


Horário das aulas: das 18:30h às 21:30h
Data: de 06 a 10 de junho
Local: Museu Histórico de Santa Catarina
(Palácio Cruz e Sousa)



DESCONTO DE 50% PARA INSCRIÇÕES

EFETUADAS ATÉ O DIA 15/05

DE R$200,00 POR R$100,00



- Inclui apostila de conteúdo e exercícios -


- Será fornecido certificado de participação -




Saiba mais
http://www.professoratanianeves.com.br/
http://www.educartebrazil.blogspot.com/


Contato: 48 9911-6200






terça-feira, 10 de maio de 2011

Eu-te-amo: uma palavra ou um grito?



Eu-te-amo não tem empregos. Essa palavra, tanto quanto a de uma criança, não está submetida a nenhuma imposição social; pode ser uma palavra sublime, solene, frívola, pode ser uma palavra erótica, pornográfica. É uma palavra que se desloca socialmente.

Eu-te-amo não tem nuances. Dispensa as explicações, as organizações, os graus, os escrúpulos. De uma certa forma – paradoxo da linguagem -, dizer eu-te-amo é fazer como se não existisse nenhum teatro da fala, e é uma palavra sempre verdadeira (não tem outro referente a não ser seu proferimento: é um performativo)

Eu-te-amo não tem distanciamento. É a palavra da díade (maternal, apaixonada); nela, nenhuma distância, nenhuma deformação vem clivar o signo; não é metáfora de nada.

Eu-te-amo não é uma frase: não transmite um sentido, mas se prende a uma situação limite: “aquela em que o sujeito está suspenso numa ligação especular com o outro.” É uma holofrase.

(Embora seja dito milhões de vezes, eu-te-amo não está no dicionário; é uma figura cuja definição não pode exceder o título.)


Roland Barthes, em Fragmentos de um discurso amoroso.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

“Chega um tempo em que não se diz mais: meu amor”



Consideramos que as pessoas se unem por amor e se separam por ódio. Mas nem sempre é assim. O ódio, algumas vezes, tem o poder de unir. E quando o ódio une duas pessoas, é essencial permanecer o mais próximo possível porque, de outra forma, há um sério risco de que o outro deixe de botar lenha nessa fogueira.

Quem nunca escutou um conhecido declarar solenemente: Nossa vida é um inferno, a gente não se entende, mas ficamos juntos porque nos amamos. Será que isso é amor? O psicanalista francês, Jacques Lacan, criou uma palavra para designar esse tipo de relação afetiva: ele chamou de “amódio”. Nela, o casal ama o ódio que os une.

Talvez, mais grave ainda, sejam os casos de união pelo ódio nos casais que se separam judicialmente. Na maioria das vezes, naqueles casais em que um dos parceiros ficou muito ressentido pela escolha do outro. Lembramos que ressentir-se significa atribuir ao outro a responsabilidade pelo nosso sofrimento. Um outro a quem designamos, em um momento anterior, o poder de decidir por nós, de modo a poder culpá-lo de todos os fracassos que possam ocorrer no futuro.

Esses casais, embora separados, encontram mil desculpas para continuar morando muito perto um do outro, ou seja, não se separam. Não dividem mais a mesma cama, nem o mesmo tempo, mas estão próximos o suficiente para que um não permita que o outro viva em paz. Não quero dizer que toda separação de corpos exija uma separação geográfica. Quando a decisão da separação é uma responsabilidade assumida pelos dois, a dor também é dividida igualmente: ninguém se sente vítima. Neste caso, o casal vai se afastando conforme vai reconstruindo sua vida.

Porém, quando a separação é considerada uma traição, seja ela real ou ilusória, aquele que se sente ressentido não pode permitir que o outro seja feliz Aí, nesses casos, a vingança se torna um projeto de vida. Por não poder perdoar a dor que o outro me causou, vou viver a minha vida com um único objetivo: causar a dor no meu algoz. As conseqüências dessa escolha são sempre desastrosas. Em primeiro lugar, porque dificilmente é uma escolha consciente. Dificilmente a pessoa ressentida assume o seu desejo de vingança. Se assumisse, provavelmente, depois de alcançado o objetivo seguiria com a sua vida tendo que se responsabilizar por seus atos. Em segundo lugar, quando têm filhos, colocam os filhos no meio do fogo cruzado, causando-lhes muitos sofrimentos. E, finalmente, porque acabam com qualquer chance de construir uma vida melhor, mais saudável e, por que não, mais feliz.