segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

VIRGINIA WOOLF



 Se para você final de ano é sinônimo de sossego e tempo livre, um bom livro é um companheiro ideal para essas semanas cheias de feriados. Mas, se você é daquelas pessoas que aproveitam os feriados para viajar, o livro é um companheiro que transforma as horas dentro de um ônibus ou de avião, em momentos de puro deleite.  Férias na praia, no campo, em barraca ou hotel exigem a companhia de um livro. Portanto, aí vai uma sugestão.

O valor do Riso, de Virginia Woolf, é uma série de ensaios que agrada o paladar de quase todo mundo. São 28 ensaios, quase todos inéditos no Brasil, que vão desdobrando o mundo literário do início do século XX com paciência, habilidade e refinamento.

“Batendo pernas nas ruas: uma aventura em Londres”, é um adorável ensaio autobiográfico. Ele inicia assim:

Talvez ninguém nunca tenha sentido tanta paixão por um lápis. Mas há circunstâncias em que pode ser supremamente desejável possuir um; momentos em que nos dispomos a ter um objeto, tendo assim um objetivo, um pretexto para andar pela metade de Londres entre o chá e o jantar. Como um caçador de raposas caça para preservar a linhagem dos cavalos, e o golfista joga para que espaços abertos possam ser preservados da ação das construtoras, assim, quando o desejo de sair perambulando pelas ruas nos vence, o lápis bem que serve de pretexto, e levantamo-nos dizendo: “Realmente eu preciso comprar um lápis”, como se com essa desculpa por disfarce pudéssemos fruir com segurança do maior prazer da vida da cidade no inverno – perambular pelas ruas de Londres. Convém que a hora seja à tardinha e a estação o inverno, porque no inverno o brilho achampanhado do ar e a sociabilidade das ruas são por demais agradáveis. ...

Gostou? Então, não se esquece de por na bolsa ou na sua bag for traveling.

O valor do Riso
Virginia Woolf
Editora: COSACNAIF




quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Charles Baudelaire




EMBRIAGUEM-SE

É preciso estar sempre embriagado. Aí está: eis a única questão. Para não sentirem o fardo horrível do Tempo que verga e inclina para a terra, é preciso que se embriaguem sem descanso.

Com quê? Com vinho, poesia ou virtude, a escolher. Mas embriaguem-se.

E se, porventura, nos degraus de um palácio, sobre a relva verde de um fosso, na solidão morna do quarto, a embriaguez diminuir ou desaparecer quando você acordar, pergunte ao vento, à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo que flui, a tudo que geme, a tudo que gira, a tudo que canta, a tudo que fala, pergunte que horas são; e o vento, a vaga, a estrela, o pássaro, o relógio responderão: "É hora de embriagar-se! 

Para não serem os escravos martirizados do Tempo, embriaguem-se; embriaguem-se sem descanso". Com vinho, poesia ou virtude, a escolher.

In: Pequenos Poemas em Prosa


terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Fracasso Escolar: Erros e Acertos




No texto a baixo, Andrea Ramal propõe que aluno, família e escola participem da resolução dos problemas gerados pelo mau desempenho escolar. São soluções que ajudam a diminuir os traumas, os transtornos e as cenas dramáticas; tão comuns nesses momentos.


 Meu filho ficou em recuperação: E agora?

Andrea Ramal

Dezembro é mês de alegria para muitas famílias e tensão para outras. Enquanto alguns estudantes planejam suas férias, outros enfrentam o desafio de estudar em dobro: é o caso de quem ficou em recuperação. Se o seu filho está nessa, saiba que, embora o primeiro impulso de muitos pais seja dar broncas, agora é mais produtivo acompanhar os estudos e motivá-lo a se esforçar ao máximo.

Evite fazer ameaças e dizer coisas como: “Por sua culpa a família toda ficará sem viajar”, ou “se for reprovado, será um ano inteiro sem videogame”. De modo algum diga frases que enfraqueçam a sua autoestima, como: “Nunca tirou essa nota, como vai conseguir agora?”, ou “seu irmão passou direto, e veja só você”.

Não adianta descontar nele o seu desapontamento, o estudante já está fragilizado. Ninguém está mais aborrecido do que ele, pois a maioria dos colegas vai se divertir, enquanto ele corre o risco de perder um ano. Por isso, dê apoio, mostre confiança e deixe claro que ele tem um aliado para superar o problema.

O que você pode fazer? Se o seu filho é criança, ajude-o a organizar a agenda de estudos; procure os professores para receber orientações; suspenda temporariamente as atividades extras; acompanhe a realização das tarefas. 

No caso de adolescentes, é preciso limitar os horários de TV e games, a duração dos papos pelo telefone, as saídas com amigos, o namoro, as redes sociais. Explique que não se trata de um castigo, mas de colocar o foco no objetivo deste momento. Isso será um aprendizado e tanto para outras etapas da vida.

Considere a possibilidade de contar com um professor particular. Não é algo que os educadores gostem de recomendar, pois, em geral, os alunos recebem ao longo dos meses, na própria escola, toda a orientação necessária para aprender. Contratar professores a esta altura, com o estudante “pendurado”, pode reforçar uma visão de que os pais sempre “dão um jeito” para livrá-lo dos problemas.

Porém, pode haver uma dificuldade específica de aprendizagem. Observa-se naquele caso do aluno que estuda, se esforça e, ainda assim, não vai bem. Uma ajuda pontual, nestas circunstâncias, pode ser positiva. Se a família não tiver condições de arcar com o custo das aulas, pode criar um grupo de estudos. Às vezes, a matéria explicada por um amigo fica até mais fácil de entender.

Passada a recuperação, é momento de refletir sobre o papel dos três implicados: o aluno, a família e a escola. No processo de aprendizagem, eles precisam trabalhar em sinergia e tanto a aprovação como o insucesso têm uma parcela de cada um.

No caso do estudante, os pais precisam conversar para saber o que houve. Os motivos foram ligados à atitude pessoal, como falta de estudo, brincadeira em excesso, desorganização? O problema ocorreu em várias matérias, ou numa em especial? Como pensa evitar isso no futuro? 

A família também precisa se questionar. A recuperação foi uma surpresa, ou já estavam prevendo? O mau desempenho vai sendo construído aos poucos, não é algo que se descobre de repente. Pode ser que os pais não estejam acompanhando os estudos. E pode haver outras coisas implicadas, como problemas de relacionamento na turma, conflitos familiares, algum distúrbio de aprendizagem, ou outro problema que a família ainda desconheça.

Por fim, cabe um questionamento à escola. Quando um aluno não aprende no tempo previsto, o colégio deve refletir se cuidou de cada um, de forma personalizada. Não adianta andar com a matéria se um grupo não aprendeu.

Além disso, a escola precisa verificar se há muitos alunos na mesma situação. Será que o nível de exigência está alto demais para a idade? O método das aulas funciona? Há algum problema com a turma – por exemplo, o “grupinho da bagunça” impede os outros de aprender, ou há um conflito entre os estudantes? 

Vale lembrar que a recuperação do final de ano não resolve tudo. O que funciona é a recuperação paralela, com classes de reforço, ou atividades na própria aula. Esse método é bem mais eficaz, pois resolve as lacunas de aprendizagem ao longo do ano. Por isso, é adotado pelas melhores escolas. Afinal, o objetivo da educação não é “passar de ano”; o que importa mesmo é garantir que todos os estudantes aprendam de verdade.

FONTE: Site G1