O amor é da ordem do encontro.
Embora, como disse o poeta, existam tantos desencontros pela vida. É assim
mesmo. Quem é que não tem uma história de desencontro para contar? Os
desencontros acontecem sempre que topamos com a pessoa certa, na hora errada. A
hora errada é o momento em que não temos disponibilidade ou amadurecimento,
para experimentar um relacionamento com aquela pessoa que acabamos de conhecer
e nos apaixonar. E, às vezes, é o outro que não está disponível para viver o
amor.
Para algumas pessoas, é difícil
admitir que a hora errada exista. Que os desencontros façam parte da
experiência amorosa. Que algumas paixões germinam em solo árido, estéril e
improdutivo. Não admitir a negatividade dessa experiência amorosa é partir para
o sacrifício. Pois, para manter esse tipo de paixão é necessário muito
sacrifício, muitas lágrimas, muita dor.
Parece absurdo pensar que a paixão
pode acontecer num momento errado. Afinal, o amor é sempre visto como pura
positividade: um bem em si mesmo. É quase como se nada pudesse dar errado,
quando amamos e somos amados. Temos tanta fé nessa positividade, que esquecemos
que o amor não tem lógica, que ele não pertence aos domínios da razão.
Por não ser lógico nem racional, ele
é sempre uma experiência radical. Uma experiência que pode ser sublime ou
devastadora. Que pode nos dar muitas alegrias, mas, também, nos fazer
imensamente infelizes. O amor gera vidas, mas também mata. Não podemos negar
essa dupla face do sentimento amoroso.
Quem insiste em pensar que toda
paixão, só por existir, tem que dar certo; cai numa armadilha terrível.
Expõe-se a sacrifícios absolutamente inúteis, transformando-se em vítima, ou em
carrasco do amor. É esse tipo de pessoa que, ao experimentar o lado terrível do
amor, passa a rejeitar esse sentimento. Não acredita mais no amor. Com medo de
sofrer de novo, e sem coragem para dizer não aos encontros ruins, prefere abrir
mão da experiência amorosa.
Maria Holthausen
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