sábado, 14 de julho de 2012

Uma Cortina de Fumaça




No texto da semana passada, apontamos para dois diferentes modos de vivenciar a sexualidade entre parceiros. O da libido masculina, que é sustentado pela erotização de imagens de diversas figuras femininas. E o da libido feminina, que se sustenta no ideal amoroso projetado no parceiro. Acreditamos que para muitos casais, a consciência dessa diferença pode provocar mudanças e trazer mais satisfação aos pares.

Entretanto, é preciso admitir que, em alguns casos, as inibições sexuais causam dificuldades que não podem ser tão facilmente resolvidas. A gênese dessas inibições não está no relacionamento, mas na construção subjetiva de cada parceiro. E, infelizmente, é a mulher que tem menos facilidade em admitir suas inibições sexuais.

É mais fácil para a mulher esconder-se sobre o manto protetor da figura materna - um lugar que exige muita dedicação e muito pouca erotização - e esquecer-se do seu papel de parceira sexual na vida do homem. Quem irá culpar uma mulher por ser uma mãe dedicada?  Ninguém! Na verdade, quando estamos em frente a uma mãe muito dedicada só podemos fazer elogios. 

Quanto aos seus outros papeis, o da esposa, amante e namorada do pai de seus filhos; só podemos observar em silêncio. Sobre esses outros lugares que a mulher-mãe continua a ocupar, só temos o direito de dar opinião ou de levantar alguma questão com a autorização dela. Essa proteção da intimidade afetiva-sexual, tão comum ao mundo feminino, é um grande obstáculo para o enfrentamento das dificuldades sexuais.

Mesmo com todas as conquistas adquiridas, falar sobre a sexualidade ainda é um tabu para as mulheres. Não é a toa que as conversas francas, sobre a sexualidade, divididas entre as amigas no seriado Sex and the City, foi interpretada por muita gente como um comportamento perverso das personagens. A sexualidade ainda é um tema masculino.

As mulheres fazem sexo, mas não falam sobre isso. O que é uma pena. Pois, chega um tempo em que o marido cansa de reclamar e vai procurar sua satisfação em outro lugar. As amigas, que não sabem de nada, não podem ajudar. Os filhos, que já estão crescidos, não costumam saber como auxiliar. Nesses momentos, a mulher se sente muito sozinha. Muito abandonada. Poucas conseguem juntar forças para procurar uma solução para suas dificuldades. Acabam passando pela vida adulta, usufruindo muito pouco dos prazeres que a sexualidade pode lhes oferecer.

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