No texto da semana passada,
apontamos para dois diferentes modos de vivenciar a sexualidade entre parceiros.
O da libido masculina, que é sustentado pela erotização de imagens de diversas
figuras femininas. E o da libido feminina, que se sustenta no ideal amoroso
projetado no parceiro. Acreditamos que para muitos casais, a consciência dessa
diferença pode provocar mudanças e trazer mais satisfação aos pares.
Entretanto, é preciso admitir que,
em alguns casos, as inibições sexuais causam dificuldades que não podem ser tão
facilmente resolvidas. A gênese dessas inibições não está no relacionamento,
mas na construção subjetiva de cada parceiro. E, infelizmente, é a mulher que
tem menos facilidade em admitir suas inibições sexuais.
É mais fácil para a mulher
esconder-se sobre o manto protetor da figura materna - um lugar que exige muita
dedicação e muito pouca erotização - e esquecer-se do seu papel de parceira
sexual na vida do homem. Quem irá culpar uma mulher por ser uma mãe dedicada? Ninguém! Na verdade, quando estamos em frente
a uma mãe muito dedicada só podemos fazer elogios.
Quanto aos seus outros papeis, o da
esposa, amante e namorada do pai de seus filhos; só podemos observar em
silêncio. Sobre esses outros lugares que a mulher-mãe continua a ocupar, só
temos o direito de dar opinião ou de levantar alguma questão com a autorização
dela. Essa proteção da intimidade afetiva-sexual, tão comum ao mundo feminino, é
um grande obstáculo para o enfrentamento das dificuldades sexuais.
Mesmo com todas as conquistas
adquiridas, falar sobre a sexualidade ainda é um tabu para as mulheres. Não é a
toa que as conversas francas, sobre a sexualidade, divididas entre as amigas no
seriado Sex and the City, foi
interpretada por muita gente como um comportamento perverso das personagens. A
sexualidade ainda é um tema masculino.
As mulheres fazem sexo, mas não
falam sobre isso. O que é uma pena. Pois, chega um tempo em que o marido cansa
de reclamar e vai procurar sua satisfação em outro lugar. As amigas, que não
sabem de nada, não podem ajudar. Os filhos, que já estão crescidos, não
costumam saber como auxiliar. Nesses momentos, a mulher se sente muito sozinha.
Muito abandonada. Poucas conseguem juntar forças para procurar uma solução para
suas dificuldades. Acabam passando pela vida adulta, usufruindo muito pouco dos
prazeres que a sexualidade pode lhes oferecer.
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