sábado, 7 de julho de 2012

As fantasias sustentam o desejo




É comum ouvir os maridos reclamarem da falta de desejo sexual de suas esposas. Penso que, para alguns homens, essa queixa é uma estratégia para manter a fantasia fálica. Ele atribui à esposa a responsabilidade pelos fracassos de seu próprio desejo. Como a culpa é dela, ele pode continuar pensando que ainda possui o mesmo vigor e desejo da juventude. Um pequeno engodo que faz muito bem ao narcisismo masculino.

Contudo, na maioria dos casos, essa queixa expressa as diferentes trilhas percorridas pela libido masculina e feminina depois do casamento. Para o homem, o desejo tem o direito de continuar livre, leve e solto depois da troca de alianças. Ele pode continuar desejando, seduzindo e fantasiando com outras mulheres. Mesmo quando ele é fiel, quando esses comportamentos são usados, apenas, para manter as fantasias libidinais que sustentam o desejo.
 
Para um grande número de mulheres, a libido, depois do casamento, percorre um caminho muito mais árido. A sociedade cobra delas, assim como elas cobram de si mesmas, que todas as suas fantasias eróticas tenham como personagem central o marido. É muito difícil encontrar numa roda de amigos, uma mulher casada fazendo jogos de sedução com os parceiros que a rodeiam.

Essa trilha de mão única, que percorre a libido feminina depois do casamento, pode ser algo que o homem espera que aconteça.  Mas nem sempre ele sabe o que fazer com isso.

Por ter menos fantasias eróticas, a mulher necessita de mais contato físico para se sentir erotizada. Ela precisa ser seduzida com olhares, carinhos, beijos e palavras românticas. Necessidades que os homens teimam em não reconhecer. Afinal, isso dá trabalho, exige tempo de dedicação e coragem para mudar certas atitudes que não correspondem às expectativas da parceira.

Acredito que para muitos casais, a consciência dessa diferença e a mudança de atitude masculina resolveriam grande parte das queixas. Mas, para eles, é bem mais fácil continuar com o mesmo padrão de comportamento e, depois, reclamar da falta da libido feminina. Ou pior, dizer que é ela – a esposa – que tem problemas com a sua sexualidade. Culpa que muitas mulheres carregam a vida toda. Principalmente aquelas que tiveram poucas experiências sexuais antes do casamento.

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