A
família tradicional não existe mais. Não podemos dizer que foi eliminada
totalmente, mas, com certeza, é uma espécie em extinção. Desde os anos 50 do
século passado, com o advento da pílula anticoncepcional e o movimento feminista,
a família tradicional vem passando por freqüentes mutações. No final do século
XX, os avanços da ciência e dos costumes tornaram possíveis mudanças antes
impensáveis no processo de reprodução humana: A inseminação artificial, a
inseminação in vitro com subseqüente
implantação intra-uterina, a doação de esperma ou de óvulos, as barrigas de
aluguel até, por fim, a clonagem.
Todas
essas inovações tecno-científicas associadas às transformações dos costumes
operaram uma alteração molecular na estrutura dessa instituição chamada
família. Desde a época em que uma filha solteira e grávida era considerada uma
transgressão ética, uma perda da honra familiar. - Os pais tinham que esconder
a filha porque seu estado acabaria contaminando a honra das irmãs. Algumas dessas
jovens foram colocadas em Manicômios com diagnóstico de perversão, e seus
filhos foram dados para adoção -. Até os nossos dias, a foto “da” família já
não é mais a mesma.
Pouco
resta da antiga família patriarcal, regida por um pai autoritário e senhor todo
poderoso do seu domínio. A foto “da” família contemporânea tem aparência de
colagem: Famílias rompidas e recompostas muitas vezes. Família de casais
homossexuais que passaram a pleitear a adoção ou mesmo a paternidade ou
maternidade, usando os novos recursos que prescindem da prática do coito. E
tantas outras formas criadas pela necessidade de se adaptar a esse borramento
de fronteiras tão característico da sociedade contemporânea.
Para
sempre perdida, a ideia “da” família como união reconhecida entre um homem e
uma mulher com fins de criar e manter os filhos precisa urgentemente ser
repensada pelas novas gerações. Pois, embora muito diferente, a família continua
sendo um lugar fundamental para o exercício das vivencias afetivas mais intensas
de todo ser humano.
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