domingo, 30 de outubro de 2011

A paixão habita o espaço da coragem






Estar apaixonado é uma delícia. Quando a paixão atravessa nosso caminho, a vida adquire novas e impensáveis dimensões. Nosso olhar ganha o estranho brilho da felicidade explicitada, nossas percepções se dilatam, nossa fala instiga o prazer e os sentidos se aguçam. O mundo a nossa volta conquista um novo ritmo: muito mais intenso e frenético. Os movimentos tomam a direção do acolhimento e da comunhão.

Para o sujeito apaixonado, o corpo é a medida de todas as coisas. Pois a paixão insufla a liberdade do corpo, império do erotismo. Ela desperta o princípio do prazer, e conviver sob as leis desse princípio é absurdamente delicioso. O corpo mergulha em intimidades abissais, a pele ganha nova sensibilidade, as fantasias eróticas predominam sobre a realidade. As leis da paixão inscrevem um novo regime de liberdade no corpo.

Quando estamos apaixonados o sensível obscurece a racionalidade. A libido solta às amarras da repressão abrindo as portas para as mais intensas e estranhas fantasias eróticas. O espaço em que a paixão acontece desvenda uma estranha liberdade. Nele, perdemos e ganhamos o mundo. A paixão se apresenta, quase sempre, como uma ruptura da ordem social: ao unir os amantes, os separa do grupo.

Por ser essa força imensa que nos retira o controle das verdades estabelecidas e das inibições protetoras, é preciso muita coragem para se entregar a essa deusa libidinosa. Não são todos que ousam correr esse risco.

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