sábado, 22 de outubro de 2011

A solidão dos que não estão sozinhos.



Vivemos em um mundo super povoado. Nos grandes centros urbanos, são centenas de pessoas vivendo na mesma rua e, às vezes, milhares no mesmo bairro. Com tanta gente em tão pouco espaço, um simples raciocínio lógico nos levaria a concluir que as pessoas que moram nesses grandes centros podem sofrer por várias causas, menos de solidão.

Mas, infelizmente, não é isso que acontece. Pelo contrário, quanto maior a metrópole maior é o número de pessoas que se dizem solitárias. Com certeza, nesse caso, você deve concordar comigo, a realidade transcende aos princípios do raciocínio lógico.

Como dar sentido ao estado de solidão de tantas pessoas que vivem mergulhadas na multidão? A primeira resposta que me acorre é influenciada pela teoria das massas defendida por Freud. Qual seja, as grandes massas tem o poder de homogeneizar o pensamento humano para o mais baixo nível. Para fazer parte da coletividade massificada temos que funcionar num nível quase primário de pensamento. Quem não se subordina a essa lei, passa a ser um excluído. E como excluído, a sentir-se solitário.

Por outra via, mais coerente com o pensamento contemporâneo, podemos dar sentido a solidão pelo excesso de oferta do mundo globalizado. São tantas as ofertas de amizades e relacionamentos que se apresentam para um sujeito urbano, que ele simplesmente não consegue mais escolher. Ou melhor, ele está sempre duvidando da sua escolha.

Inicia-se um relacionamento hoje, depois de uma semana começam a aparecer às diferenças e com elas as primeiras frustrações. Pronto, a dúvida está instalada. Será que devo fazer sacrifícios para manter uma relação com alguém que “não é tudo isso”, quando tenho oportunidade de encontrar outra pessoa que poderia ser muito mais agradável? Aí o sujeito começa a duvidar se quer ficar na relação. Na segunda ou terceira frustração, ele já tem certeza absoluta que vale a pena ir atrás de algo melhor, e já está sozinho de novo.

Essa é, na maioria dos casos, a cara da solidão do sujeito urbano. Ele passa por uma série de pequenas relações afetivas: está sempre mudando de parceiros, afinal “a fila tem que andar”. Mas, depois de uma série de fracassos, ele começa a se sentir absolutamente só. Com a sensação que todas as relações são muito superficiais e que no fim de uma interminável série ele acabará sozinho.

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