Gostaria de escrever sobre algumas das dificuldades sexuais comuns em qualquer relacionamento. Mas, admito, não é nada fácil escrever sobre a sexualidade. A causa dessa dificuldade não tem nada haver com falta de conhecimento do tema, ou inibição social. Falar e escrever sobre sexo é difícil porque esse tema ainda carrega um alto nível de preconceito.
Por causa desse preconceito, encontramos normalmente três tipos de textos sobre esse tema. O primeiro é o texto técnico ou científico. Neles podemos encontrar, numa linguagem cuidadosamente objetiva, as análises de pesquisas médicas ou psicológicas, e os estudos antropológicos sobre a sexualidade. O segundo é o texto pornográfico ou erótico: aqueles que se lê com uma só mão. E o terceiro é o texto irônico: as piadas apimentadas.
Encontrar uma linguagem para desenvolver qualquer aspecto desse tema, sem precisar usar uma das três formas citadas acima, sempre me pareceu uma tarefa extremamente difícil. Esse é um dos motivos que me fazem gostar dos textos de Freud. Ele construiu um modelo narrativo que atravessa esses modelos padrões. Mesmo como um estudioso do tema, seus textos dialogam com os vários discursos sobre a sexualidade sem se fixar em nenhum.
Outra característica dos textos de Freud que me agrada muito é que ele fala sobre problemas sexuais como: ejaculação precoce, falta de ereção, inibição da libido feminina, impotência masculina, perversão... sem cair no aconselhamento fácil, tão comum nos textos médico encontrados hoje na internet.
Nos textos que acompanhamos hoje, parece haver um só modelo para resolver qualquer dificuldade sexual. Todos os problemas sexuais do contemporâneo, e são tantos e tão diversos, tem como causa o estresse, a falta de dinheiro, a crise da masculidade a hipercobrança feminina e outros tantos problemas causados pela “agitação da vida contemporânea”. Ou seja, as causas são sempre externas. Por isso mesmo, as receitas são sempre as mesmas: Tirar férias, cuidar da alimentação, não exagerar nos medicamentos tarja preta nem qualquer outro tipo de droga, cuidar do colesterol... e se nada disso resolver, busca-se a solução em algum dos produtos milagrosos da indústria farmacêutica.
Acredito que não precisamos fazer dos problemas sexuais uma tragédia. Alguns deles até têm soluções muito fáceis. Mas é impossível acreditar que os caminhos tão singulares da libido tenham todos as mesmas causas e, por consequência, a mesma solução.
Maria Holthausen
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