Matilde
é uma jovem bonita, inteligente, batalhadora e independente. Gosta do que faz
e, por isso mesmo, leva muito a sério sua carreira. Como uma boa profissional
ganha o suficiente para se manter sem ajuda dos pais, ou depender de um homem.
Matilde
já viveu várias histórias de amor. Por não ter preconceito com idade, cor ou
raça; a diversidade de seus parceiros é impressionante. Tipos muito diferentes
de homens despertaram seu interesse e desejo. Já viveu a experiência de namoros
à distância, daqueles que se encontram três ou quatro vezes por ano. Mas também
já dividiu a mesma casa com um homem, por um tempo bastante longo.
Essa
mulher acredita no amor, numa relação sexual prazerosa, e aposta num relacionamento
duradouro e intenso. Mas, como várias outras com esse mesmo perfil, ela ainda
não encontrou um parceiro capaz de fazê-la abrir mão de sua vida de solteira.
Sabe por quê? Porque ela elegeu como valores maiores, para um relacionamento, a
gentileza e o respeito pelo outro.
Valores
que, me parecem, não têm nada de delirante, mas que ainda são difíceis de
encontrar. Numa cultura onde os homens são muito machistas ou demasiados
dependentes, encontrar alguém que esteja disposto a abrir mão do poder fálico
para viver uma relação de parceria, ainda é uma raridade.
O
respeito e a gentileza só são possíveis quando olhamos para outro com igualdade
de direitos. E, ainda hoje, as mulheres são percebidas pelos homens como
pessoas com menos direitos. Não estou me referindo aos direitos conquistados
por lei. Pela lei, homens e mulheres têm os mesmos direitos. Mas, na vivência
diária, não importa o direito que sabemos que o outro tem, o que realmente
importa são os direitos que sentimos que o outro tem. É o sentimento, e não a
racionalidade, que comanda nossos comportamentos espontâneos do cotidiano.
Parece-me
que o desejo de mulheres como Matilde abre uma nova via de relacionamentos, onde
a igualdade se dá mais pela subjetividade do que pelo direito.
Maria Holthausen
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