sábado, 10 de setembro de 2011

Respeito e Gentileza: valores difíceis de encontrar.


Matilde é uma jovem bonita, inteligente, batalhadora e independente. Gosta do que faz e, por isso mesmo, leva muito a sério sua carreira. Como uma boa profissional ganha o suficiente para se manter sem ajuda dos pais, ou depender de um homem.

Matilde já viveu várias histórias de amor. Por não ter preconceito com idade, cor ou raça; a diversidade de seus parceiros é impressionante. Tipos muito diferentes de homens despertaram seu interesse e desejo. Já viveu a experiência de namoros à distância, daqueles que se encontram três ou quatro vezes por ano. Mas também já dividiu a mesma casa com um homem, por um tempo bastante longo.

Essa mulher acredita no amor, numa relação sexual prazerosa, e aposta num relacionamento duradouro e intenso. Mas, como várias outras com esse mesmo perfil, ela ainda não encontrou um parceiro capaz de fazê-la abrir mão de sua vida de solteira. Sabe por quê? Porque ela elegeu como valores maiores, para um relacionamento, a gentileza e o respeito pelo outro.

Valores que, me parecem, não têm nada de delirante, mas que ainda são difíceis de encontrar. Numa cultura onde os homens são muito machistas ou demasiados dependentes, encontrar alguém que esteja disposto a abrir mão do poder fálico para viver uma relação de parceria, ainda é uma raridade.

O respeito e a gentileza só são possíveis quando olhamos para outro com igualdade de direitos. E, ainda hoje, as mulheres são percebidas pelos homens como pessoas com menos direitos. Não estou me referindo aos direitos conquistados por lei. Pela lei, homens e mulheres têm os mesmos direitos. Mas, na vivência diária, não importa o direito que sabemos que o outro tem, o que realmente importa são os direitos que sentimos que o outro tem. É o sentimento, e não a racionalidade, que comanda nossos comportamentos espontâneos do cotidiano.

Parece-me que o desejo de mulheres como Matilde abre uma nova via de relacionamentos, onde a igualdade se dá mais pela subjetividade do que pelo direito.

Maria Holthausen

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