quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Os Assexuados: Uma Vida Sem Sexo



Nem gays, nem héteros, nem bissexuais. Eles simplesmente não gostam de transar. Homens e Mulheres que não sentem desejo, defendem a abstinência e lutam para ser reconhecidos como uma nova orientação sexual.



Michael Doré tem 28 anos e nunca beijou. Nem pretende. Beijos, carinhos e qualquer forma de contato íntimo lhe causam repulsa. “O sexo me enoja”, diz ela. “Sou um assexual convicto.” É quase impossível imaginar que um cara como ele, charmoso, bem-sucedido — é um matemático norueguês e PhD da Universidade de Birmingham, na Inglaterra —, sequer pense em transar. Ainda mais nos dias de hoje, em que sexo e orgasmo são quase uma obrigação. E, antes que alguém pergunte o que há de errado com Michael, ele mesmo responde: “Não, não sou gay, não fui abusado na infância, nem tenho problemas hormonais. Eu simplesmente não gosto de transar”.

Assim como ele, a pedagoga mineira Rosângela Pereira dos Santos, o bancário americano Keith Walker e uma legião de assexuados dos mais diferentes cantos do planeta começam a sair do armário. São homens e mulheres de todas as idades, perfeitamente capazes de fazer sexo, mas sem nenhum gosto pela coisa. Gente que, graças ao apoio da Aven (Asexual Visibility and Education Network), rede que luta pela visibilidade dos assexuados no mundo, conseguiu se unir para levantar a bandeira da abstinência e lutar para que a assexualidade seja reconhecida como uma quarta orientação sexual (além de héteros, homos e bissexuais).
 
Sob o slogan “It’s o.k. to be A” (algo como “tudo bem ser assexuado”), esse grupo tem frequentado as passeatas gays de Nova York, São Francisco, Londres e Manchester. No grupo, lutando contra o preconceito em relação aos que não gostam de transar, há desde aqueles que nunca tiveram uma relação sexual na vida, até os que fazem sexo por obrigação, para não perder o parceiro.

 “Por assexual entende-se apenas aquele que não sente atração sexual, não o que não é capaz de se envolver”, explica a socióloga Elisabete Oliveira, que fez do assunto tema de seu doutorado na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. “Existem os assexuais românticos e os não românticos. O primeiro grupo consegue se apaixonar, casar e até ter filhos — desde que não haja sexo envolvido. O segundo não gosta de carinhos e não se sente apto a se apaixonar.”



Na França, no dia 24 de abril de 20913, aconteceu (na internet) a primeira jornada dos assexuados. Um movimento que há anos, segundo o jornal Libération, junta, cada vez mais, sujeitos que se declaram pertencentes a uma sexualidade “sem sexo”.

O fenômeno merece atenção, haja vista que se torna uma palavra de ordem para 1% dos sujeitos do planeta que atestam esta nova identidade. Em nome do “respeito” devido a cada ser humano, esta nova denominação quer se fazer reconhecer, em sua diferença, como um “quinto gênero” (LGBT mais assexuados) que têm o “direito” de existir.

A blogueira e jornalista Peggy Sastre, autora do No Sex, avoir envie de ne pas faire l’amour, (No sex, vontade de não fazer amor). Defende que na assexualidade não se trata nem da abstinência do lado religioso, nem da recusa, do corpo enquanto tal, mas uma reivindicação de que se possa, de que se tenha o direito de não ter vontade… de fazer amor, como o título de seu livro indica. São sujeitos que «preferem não».

FONTES: Site: Instituto Adé Diversidade
Site: Escola Brasileira de Psicanalise 

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