domingo, 14 de julho de 2013

Pequena História da Homossexualidade



O British Museum, Londres, lança o livro A little gay history: desire and diversity across the world (Uma pequena história gay: desejo e diversidade pelo mundo), um catálogo com peças que comprovam que a homossexualidade faz parte da história da Humanidade há pelo menos quatro mil anos.

Para o curador do Museu, Richard Parkinson, “Não se trata da História de uma minoria, mas sim de parte da História da Humanidade. O desejo por pessoas do mesmo sexo sempre existiu em todas as culturas.”

Das milhares de peças do acervo do museu, 44 foram selecionadas em um primeiro momento para o livro. Entre as escolhidas estão os bustos do imperador Adriano (117-138 d.C.) e do seu amante Antínoo. Não podemos deixar de lembrar que Adriano e Antínoo formaram o ilustre casal do belíssimo livro da escritora francesa Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano.

Antínoo, depois de morrer afogado no Rio Nilo com apenas 18 anos, foi declarado deus por ordem do imperador em luto, que também mandou fazer esculturas em sua homenagem e erguer uma cidade com o seu nome, Antinoópolis. De acordo com o British Museum, pesquisas realizadas com os visitantes, por ocasião de uma grande exposição sobre o imperador romano em 2008, mostravam que poucos sabiam da sua preferência por homens.

Conforme informação do Museu, tudo o que está no livro pode ser visto, seja virtualmente (a coleção completa do museu está disponível em www.britishmuseum.org), seja ao vivo e em cores.

Segundo o curador da exposição, “A evidência do desejo por pessoas do mesmo sexo e as ideias de gênero foram sistematicamente deixadas de lado no passado, mas os museus, com as suas coleções, podem nos permitir olhar para trás e identificar a diversidade ao longo da História”.

Para Parkinson, estes tipos de evidência, muitas vezes parciais e, em alguns casos, ambíguas, foram sistematicamente escondidas ao longo da História, ou simplesmente censuradas. Assim, o projeto do livro começou quando o museu foi procurado por uma especialista que queria reunir essas informações do passado. A iniciativa enfrentou algumas dificuldades básicas, tais como a escolha das melhores palavras para tratar o tema. O emprego do termo “gay” está longe de ser o mais adequado. O ideal seria “desejo por pessoas do mesmo sexo”, por estar mais descolado de rótulos, mas, reconhece o curador, ele não atingiria o público geral com o mesmo entendimento.

“Estamos falando de rótulos. Existem muitas maneiras de ser gay, não só os estereótipos, e acho que desejo por pessoas do mesmo sexo é mais adequado para falar deste passado mais distante. Não dá para usar o mesmo rótulo dos dias de hoje.”

As peças no catálogo, que já está à venda na loja do museu e nas principais livrarias londrinas, também incluem objetos modernos, tais como bótons de campanhas pelos direitos homossexuais.


Fontes: - Jornal O Globo
site: www.britishmuseum.org

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