O British Museum, Londres, lança o livro
A little gay history: desire and
diversity across the world (Uma pequena história gay: desejo e diversidade
pelo mundo), um catálogo com peças que comprovam que a homossexualidade faz
parte da história da Humanidade há pelo menos quatro mil anos.
Para o curador do Museu, Richard
Parkinson, “Não se trata da História de uma minoria, mas sim de parte da
História da Humanidade. O desejo por pessoas do mesmo sexo sempre existiu em
todas as culturas.”
Das milhares de peças do acervo do
museu, 44 foram selecionadas em um primeiro momento para o livro. Entre as
escolhidas estão os bustos do imperador Adriano (117-138 d.C.) e do seu amante
Antínoo. Não podemos deixar de lembrar que Adriano e Antínoo formaram o ilustre
casal do belíssimo livro da escritora francesa Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano.
Antínoo, depois de morrer afogado no
Rio Nilo com apenas 18 anos, foi declarado deus por ordem do imperador em luto,
que também mandou fazer esculturas em sua homenagem e erguer uma cidade com o
seu nome, Antinoópolis. De acordo com o British Museum, pesquisas realizadas
com os visitantes, por ocasião de uma grande exposição sobre o imperador romano
em 2008, mostravam que poucos sabiam da sua preferência por homens.
Conforme informação do Museu, tudo o
que está no livro pode ser visto, seja virtualmente (a coleção completa do
museu está disponível em www.britishmuseum.org), seja ao vivo e em cores.
Segundo o curador da exposição, “A
evidência do desejo por pessoas do mesmo sexo e as ideias de gênero foram
sistematicamente deixadas de lado no passado, mas os museus, com as suas
coleções, podem nos permitir olhar para trás e identificar a diversidade ao
longo da História”.
Para Parkinson, estes tipos de
evidência, muitas vezes parciais e, em alguns casos, ambíguas, foram
sistematicamente escondidas ao longo da História, ou simplesmente censuradas.
Assim, o projeto do livro começou quando o museu foi procurado por uma
especialista que queria reunir essas informações do passado. A iniciativa
enfrentou algumas dificuldades básicas, tais como a escolha das melhores
palavras para tratar o tema. O emprego do termo “gay” está longe de ser o mais
adequado. O ideal seria “desejo por pessoas do mesmo sexo”, por estar mais
descolado de rótulos, mas, reconhece o curador, ele não atingiria o público
geral com o mesmo entendimento.
“Estamos falando de rótulos. Existem
muitas maneiras de ser gay, não só os estereótipos, e acho que desejo por
pessoas do mesmo sexo é mais adequado para falar deste passado mais distante.
Não dá para usar o mesmo rótulo dos dias de hoje.”
As peças no catálogo, que já está à
venda na loja do museu e nas principais livrarias londrinas, também incluem
objetos modernos, tais como bótons de campanhas pelos direitos homossexuais.
Fontes: - Jornal O Globo
site: www.britishmuseum.org
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