“É hora de dormir. Mariana, de cinco
meses, se aloja na cama da família. Antes de embalar no sono, ela estica as
mãozinhas para tocar a mãe, Simone, que está ao seu alcance. Durante a noite,
gosta de fazer carinho no pai.”
O fragmento acima, copiado de um
jornal de circulação nacional, aponta com maestria para o que considero o
verdadeiro problema dessa nova tendência. Colocar o bebê na cama dos pais é
muito mais prático: facilita a vida. No entanto, colocar o bebê na cama dos
pais, é transformar a “cama do casal” em “cama da família”.
Teoricamente, a diferença pode
parecer sutil, mas na prática é devastadora para a relação erótica do casal.
Ter um bebê na cama dos pais é acabar com a possibilidade de qualquer gesto de
erotização entre o casal nos momentos que antecede ao sono. É abrir mão de um
espaço que deve ser constantemente preservado, o espaço da intimidade do casal.
Pessoas apaixonadas gostam de dormir
juntas, de dividir a mesma cama. Quando estamos namorando, desejamos
ardentemente o momento de compartilhar os travesseiros com o nosso parceiro. A
intimidade criada pelo ato de dormir junto, quando há amor, é a certeza que
vivenciamos com a pessoa amada um momento único.
Um filho transforma um casal em uma
família, ou seja, em uma estrutura maior. Com a chegada dos filhos, as relações
afetivas tornam-se mais complexas. O casal – esposa e marido – assume a
responsabilidade afetiva de ser mãe e pai. Num passado não muito distante, a
chegada dos filhos marcava o fim do espaço romântico. Os pais deviam priorizar
os deveres e responsabilidades de suas funções.
É claro que amamos muito os nossos
filhos, mas esse amor não tem uma conotação romântica. O amor romântico é um
amor erotizado. Ninguém espera viver um romance com um amigo, com o pai ou com
a mãe.
Preservar o momento de intimidade do
casal é um modo de lutar pela felicidade e, muito provavelmente, pela manutenção
da família. Como não existe nenhuma pesquisa que tenha comprovado que crianças
que dormem na cama dos pais, no futuro, serão mais felizes, mais inteligentes,
mais calmas ou qualquer outro mais. A única coisa absolutamente certa é que
colocar os bebês a dormir na cama dos pais, dá menos trabalho. Mas, atenção,
nem sempre o caminho mais fácil é o melhor dos caminhos.
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