Vivemos nas primeiras décadas do
século 21 um momento de ruptura, onde aspectos básicos das relações humanas
estão sendo reformulados. As formas tradicionais
de relacionamentos não estão dando mais respostas satisfatórias e, com isso, se
abre um espaço para descobrir novos modos de viver as relações. Essas mudanças,
como todo processo de mudança, geram dúvidas e incertezas. Não se quer repetir
os padrões antigos, mas teme-se a instabilidade dos novos modelos.
O novo é sempre assustador, nos faz
sentir desprotegidos, por isso nos agarramos ao já conhecido. Imaginem que se,
nas primeiras décadas do século XX, alguém dissesse que as separações seriam
corriqueiras e que as garotas não se casariam virgens. Por certo, as pessoas
ficariam muito indignadas com tal possibilidade.
Hoje, a mulher pode não só dividir o
poder econômico com o homem, como decidir ter filhos se quiser ou quando
quiser. Uma escolha que as personagens de Jane Austen, no século XVII, jamais
imaginaram poder fazer. A total dependência econômica e moral, das mulheres
daquela época, interditava completamente a liberdade de escolha.
O enfraquecimento dos valores que
sustentaram a ideologia patriarcal traz novas reflexões sobre o relacionamento
entre homens e mulheres: o amor, o casamento, a sexualidade. O aroma dessas
mudanças influência nossas escolhas. Pressentimos a destruição de valores
estabelecidos como inquestionáveis e nossas convicções mais enraizadas são
abaladas. Os modelos do passado não nos dão mais respostas e nos deparamos com
uma realidade ameaçadora, por não encontramos modelos em que nos apoiar, em
tempo algum, em nenhum lugar.
Entretanto, essa pode ser a grande
saída para novas conquistas, quando perdemos um pouco do medo das mudanças. Não
tendo mais que se adaptarem a modelos arcaicos, as singularidades encontram um
novo espaço de expressão. No momento em que se rompe com a moral que, durante
tanto tempo e através de seus códigos, julgou e subjugou o prazer, abre-se um
espaço onde novos modos de vida, assim como novos desejos, podem ser
experimentados.
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