O medo, a princípio, é um
sentimento de defesa e proteção. Portanto, um sentimento positivo, aliado da
luta diária pela sobrevivência. O medo como ferramenta de proteção tem um
objeto bem definido. Sentimos medo de pessoas, animais e situações que não podemos
controlar, e que, por isso mesmo, colocam em risco a nossa sobrevivência.
Mas existem outros tipos
de medo. Medos mais difíceis de conviver e de admitir sua existência. Temos,
por exemplo, medo de ser feliz e, simultaneamente, medo que a felicidade acabe.
Temos medo da dor. Medo de perder. Medo de recomeçar. Medo de estar sozinhos, e
medo de ter alguém. O medo, para muitos, parece ser o sentimento mais constante
e mais intenso.
Para os que vivem
constantemente sob a sombra desse sentimento, o medo de perder é o que mais
paralisa. Para esses, o encontro amoroso pleno torna-se um pesadelo. Logo
depois da euforia dos primeiros encontros, aparece uma estranha inquietação,
acompanhada de uma melancolia vaga e indefinida. Surgi à sensação que alguma
desgraça está a caminho, aproximando-se a passos largos, e que é impossível
preservar por muito tempo tamanha felicidade.
Numa estranha lógica, nasce
a suspeita de que coisas dolorosas e frustrantes têm mais chances de aparecer
quando se está feliz. O perigo parece crescer proporcionalmente à alegria. E,
pouco a pouco, a sensação de plenitude vai cedendo espaço a apatia, ou pior, ao
pânico.
Algumas vezes, a escolha
de parceiros inadequados é uma maneira de reduzir os riscos de uma hipotética
tragédia. Um jeito de apagar a chance de ser feliz. Cria-se uma dor menor com o
objetivo de se proteger de uma suposta dor maior. Outras vezes, a proteção ao
medo é construída na desvalorização do parceiro. Ao elevar os pequenos defeitos
do outro àa categoria de grandes problemas, cria-se uma zona de instabilidade
externa que serve de proteção à instabilidade interna.
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