“Você é mãe suficiente?” Com essa
questão, e uma imagem no mínimo incomum aos padrões ocidentais, a revista
americana Time levanta uma polêmica que
há muito tempo foi esquecida. O tema, pivô da polêmica, continua sendo as diretrizes,
impostas pela conclusão de experimentos científicos, que pretende definir os padrões
de comportamento da “mãe ideal”.
Partindo de pesquisas que comprovam
a importância do aleitamento materno na constituição do desenvolvimento físico
da criança, a revista recupera a antiga teoria attachment parenting, que nos anos 80 causou muito impacto, e discussões
acirradas, na área da psicologia infantil. Confesso que sou bastante cética, e
questiono a confiabilidade de pesquisas que parecem se esforçar para encontrar
provas a favor de uma conclusão determinada.
Esse ceticismo é consequência de
anos de trabalho no consultório. Na escuta de tantas e variadas histórias,
aprendi que somente no campo da ética podemos tentar definir regras e arranjos
sociais que mais conduzem ao florescimento humano. Embora seja mais fácil
acreditar em mudanças comportamentais.
Amamentar o filho por três ou cinco
anos, pode fazer bem ao desenvolvimento físico do bebê. Não vou questionar essa
conclusão. O que questiono é o suposto benefício psicológico desse ato. Será
que uma mãe que não consegue amamentar o seu bebê pode ser considerada uma
péssima mãe? Quantas mães não puderam amamentar nem mesmo por um mês? Quantas
mães amorosas, com um desejo sincero de amamentar por meses o bebê, já
receberam a indicação de pediatras para iniciar, logo nos primeiros meses, uma
alimentação suplementar?
Pela importância da singularidade de
cada história, preocupa-me as generalizações. Mães são seres capazes de
absorver muita culpa. A maioria das mulheres deseja sinceramente dar o melhor
de si quando assumem a função da maternidade. Um desejo nada fácil de ser
realizado. Daí advém as mais variadas culpas, e a sensação de estar sempre em
falta.
É bem provável que uma mãe feliz e
responsável por suas funções faça mais bem ao filho, do que uma mãe
amamentadora. Nutrir é uma função materna importante, mas não é a única.
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