Com o desembarque da pílula anticoncepcional no Brasil, entre os anos 60 e 70, eclodiu a chamada revolução sexual. Livres da sífilis e ainda longe da aids (conforme os estudos de Mary Del Priori em Histórias íntimas – sexualidade e erotismo na história do Brasil), os jovens começaram experimentar de tudo. O ato sexual deixou de servir exclusivamente para a procriação. Abriu-se uma brecha no mandamento divino: doravante, a mulher poderia escolher entre ter ou não ter filhos. Era o fim de intermináveis gravidezes e de problemas que essas traziam.
Introduzida primeiramente nos EUA, a pílula marcou o início da “liberação sexual”. No final dos anos 60 já se via em toda parte slogans sobre “o direito ao prazer”. Agora, podia-se considerar a sexualidade feminina, também, como fonte de deleite, Além de permitir-se escolher o parceiro, “fazer amor” tornou-se uma coisa boa, e não somente uma maneira de fazer crescer a família. A “mulher liberada” optou por viver uma sexualidade plena, como nunca dantes lhe fora facultado.
O surgimento da pílula tornou a mulher livre para escolher sua vida: adquirir estudos superiores ou participar do mercado de trabalho, sem ser interrompida por uma gravidez. Isto é, abriu as portas para o surgimento de uma nova produção de subjetividade feminina que, por efeito, provocou ebulições no machismo masculino estabelecido.
Era o início do fim de amores que tinham que parar no último estágio: “quero casar virgem!”. Deixava-se para trás a “meia-virgem”, aquela na qual as carícias sexuais acabavam “na portinha”. Lia-se Wilhelm Reich, segundo quem o nazismo e o stalinismo teriam nascido da falta de orgasmo. A ideia de que os casais, além de amar, deviam ser sexualmente equilibrados começava a ser discutida por alguns “pra frente”. Era o início do direito ao prazer para todos, sem que as mulheres fossem penalizadas ao manifestar seu interesse por alguém.
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