segunda-feira, 6 de junho de 2011

Amores intensos


Alguns amores chegam com a intensidade de um furacão. Destroem valores cultivados diariamente com muito sacrifício. Desfazem as certezas adquiridas ao longo do tempo. Misturam nossos sentidos. Criam sensações nunca antes experimentadas.

Tomados pela paixão, perdemos o contato com a realidade. Tudo o que um dia foi sólido, numa fração de segundos, perde a consistência. A única coisa que desejamos é estar nos braços da pessoa amada. Os sentidos se potencializam: o beijo, o abraço, o carinho, o cheiro e o sexo ganham dimensões sublimes.

Segundo diz a lenda de Tristão e Isolda, as grandes paixões duram três anos - esse é o tempo do efeito da porção de amor mágica. Não tenho certeza se esse é o tempo de duração de uma paixão. Talvez algumas durem mais tempo, outras, com certezas, duram menos. Mas não importa o tempo que durem, depois de uma grande paixão nunca mais seremos os mesmos.

Porque é mágico, porque é químico, porque não faz sentido, porque não tem lógica. Seja lá porque razão, ou porque não tem razão, a experiência da paixão é a mais forte e intensa experiência que podemos experimentar. Tão intensa na superfície da pele, quanto nas entranhas mais profundas do ventre.

Para Freud, nunca somos tão egoístas como quando estamos apaixonados. Esse é o perigo, sabemos muito bem disso. As consequências desse arrebatamento, muitas vezes, são trágicas. O impulso vertiginoso da paixão não reconhece leis ou fronteiras. A intensidade das sensações não reconhece a delicadeza da generosidade com os outros. Mesmo quando parece que estamos fora de toda lógica, a economia libidinal continua com sua lógica obstinada: amar alguém demais é amar os outros de menos.

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