terça-feira, 19 de abril de 2011

Erotomania: quando o amor incomoda.


Imagine que você não consiga pensar em nada que não tenha relação com determinada pessoa. Seu desejo e desespero são tão intensos que se aproximam da dor física. A ausência do ser amado o conduz a escrever dezenas de mensagens e a ligar para o seu número várias vezes ao dia. Por vezes, sentindo que está abandonado ou que ninguém dá atenção à sua dor, é compreensível que surjam ódio e planos de vingança. Em princípio, isso pode parecer apenas sinal de um comportamento irracional demonstrado por uma pessoa apaixonada que não é correspondida. Algo que, de acordo com senso comum, vai passar com o tempo. Mas, e se esses sentimentos e comportamentos persistirem? E se as tentativas de participar da vida do ser amado se tornar cada vez mais exageradas e agressivas?

O fenômeno da perseguição excessiva ganhou atenção da mídia nos últimos anos, devido ao fim trágico de vários casos. Psicólogos, psiquiatras e psicanalistas, porém, conhecem essa ameaça há mais tempo. Nos primeiros anos do século XX, Freud já escrevia sobre esse tema e o circunscrevia dentro de um caso de psicose paranóica: O caso Schreber. Nos anos 80, a erotomania foi classificada como distúrbio psíquico pela psiquiatria. No “delírio erotomaníaco” parte-se do princípio de que se é amado pela outra pessoa, mesmo que não haja nenhum motivo que leve a essa conclusão.

O esforço incessante de entrar em contato com alguém é considerado uma das principais características da erotomania. Mesmo diante da rejeição explícita, a pessoa insiste na aproximação: seja por telefone, bilhetes, e-mail ou diretamente. Alguns enviam presentes ou objetos bizarros, às vezes assustadores, como colagens de fotos com caveiras no lugar dos rostos. Alguns se tornam agressivos, podendo voltar-se violentamente contra a vítima, seus parentes próximos ou conhecidos ou mesmo seu animal de estimação.

Quem está mergulhado no delírio erotomaníaco sofre pelas exigências irracionais que esse processo produz. Nada pode satisfazer uma demanda delirante de amor. Por outro lado, quem se torna objeto desse delírio tem sua vida suspensa, amputada pelo horror das constantes ameaças. Na maioria das vezes, é obrigada a lidar com seu torturador no dia a dia. Se o telefone toca, pensa automaticamente que pode ser o perseguidor. Nessa atmosfera de medo e perplexidade, esquece o que é ter uma vida normal.

Um comentário:

  1. Olá, acredito estar sendo objeto desse transtorno por parte de um colega de trabalho. Não sei o que faço! Já rejeitei várias vezes, e apesar de eu estar em um relacionamento ele não desiste. As "declarações" são cada vez maiores e com as rejeições tenho medo que se torne violento. Por favor, o que faço? Estou apavorada!

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