terça-feira, 9 de outubro de 2012

Cinquenta Tons de Cinza: Uma Nova Onda Sadomasoquista?



Cinquenta Tons de Cinza, romance da escritora inglesa Erika James é o best-seller do momento. Quem está acompanhado as repercussões dessa obra na mídia, principalmente na internet, sabe que o livro faz parte de uma trilogia: Cinquenta Tons de Cinza, Cinquenta Tons Mais Escuro e Cinquenta Tons de Liberdade.

O tema que conduz essa trilogia não é novo. As tramas do desejo sadomasoquista tecem uma multiplicidade de romance desde o século XVIII, com o Marques de Sade. Da trilha aberta por Sade, construiu-se as diversas veredas do erotismo sadomasoquista, no campo da literatura. Algumas muito interessantes, outras, apenas, oportunistas.

Sem entrar no julgamento estético do texto da autora inglesa. Se é que existe algum. O que me apaixona nesse livro são as discussões que ele causa. Não consigo deixar de pensar nas polêmicas que todos os romances, sobre esse tema, promoveram sempre que foram publicados. O erotismo e, principalmente, o erotismo sadomasoquista sempre causou e, parece, continua a causar, um movimento de atração e repulsa. 

Em nossa época, os que são atraídos por esse tema compram os livros e enchem as salas de cinema. Já que a maioria desses livros é transformada em filme, e esse também será. Para esses fieis defensores, a fantasia sadomasoquista faz parte da vida erótica de todo mundo. Falar sobre elas parece ser um alívio, ou um grito de liberdade. E quando uma dona de casa de classe média, mãe de dois filhos, pode publicar suas fantasias sadomasoquistas, mesmo que seja sob o véu do texto literário; nada mais os impede de reconhecer o seu próprio desejo por elas.

Do outro lado, encontram-se as pessoas que sentem repulsa por essas fantasias. Algumas por posição política, como as feministas. Para elas, a submissão feminina estabelecida no par sado-masoquista é uma afronta à luta pela igualdade nas relações heterossexuais. E, portanto, esse tipo de “literatura” deve ser combatida.

Para outros, a repulsa advém pelo viés moral. Como os religiosos que defendem a sexualidade apenas como um rito necessário à procriação. O prazer suscitado por esse tipo de fantasia faz parte do pecado da luxuria. Por isso mesmo, esses livros deveriam ser proibidos, eliminados ou queimados. Afinal, não se negocia com o reino do céu.

Fazendo parte de um grupo ou de outro, todos se posicionam. E pelo sucesso de vendas do livro, parece-me que tem muita gente desejando experimentar essa fantasia. Uma fantasia que, como apontei no início do texto, não é nova, mas que de tempos em tempos se renova.

Maria Holthausen

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