Cinquenta
Tons de Cinza,
romance da escritora inglesa Erika James é o best-seller do momento. Quem está
acompanhado as repercussões dessa obra na mídia, principalmente na internet,
sabe que o livro faz parte de uma trilogia: Cinquenta
Tons de Cinza, Cinquenta Tons Mais
Escuro e Cinquenta Tons de Liberdade.
O tema que conduz essa trilogia não
é novo. As tramas do desejo sadomasoquista tecem uma multiplicidade de romance
desde o século XVIII, com o Marques de Sade. Da trilha aberta por Sade, construiu-se
as diversas veredas do erotismo sadomasoquista, no campo da literatura. Algumas
muito interessantes, outras, apenas, oportunistas.
Sem entrar no julgamento estético do
texto da autora inglesa. Se é que existe algum. O que me apaixona nesse livro são
as discussões que ele causa. Não consigo deixar de pensar nas polêmicas que
todos os romances, sobre esse tema, promoveram sempre que foram publicados. O
erotismo e, principalmente, o erotismo sadomasoquista sempre causou e, parece,
continua a causar, um movimento de atração e repulsa.
Em nossa época, os que são atraídos
por esse tema compram os livros e enchem as salas de cinema. Já que a maioria desses
livros é transformada em filme, e esse também será. Para esses fieis
defensores, a fantasia sadomasoquista faz parte da vida erótica de todo mundo.
Falar sobre elas parece ser um alívio, ou um grito de liberdade. E quando uma
dona de casa de classe média, mãe de dois filhos, pode publicar suas fantasias
sadomasoquistas, mesmo que seja sob o véu do texto literário; nada mais os
impede de reconhecer o seu próprio desejo por elas.
Do outro lado, encontram-se as
pessoas que sentem repulsa por essas fantasias. Algumas por posição política,
como as feministas. Para elas, a submissão feminina estabelecida no par
sado-masoquista é uma afronta à luta pela igualdade nas relações
heterossexuais. E, portanto, esse tipo de “literatura” deve ser combatida.
Para outros, a repulsa advém pelo
viés moral. Como os religiosos que defendem a sexualidade apenas como um rito
necessário à procriação. O prazer suscitado por esse tipo de fantasia faz parte
do pecado da luxuria. Por isso mesmo, esses livros deveriam ser proibidos,
eliminados ou queimados. Afinal, não se negocia com o reino do céu.
Fazendo parte de um grupo ou de
outro, todos se posicionam. E pelo sucesso de vendas do livro, parece-me que tem
muita gente desejando experimentar essa fantasia. Uma fantasia que, como
apontei no início do texto, não é nova, mas que de tempos em tempos se renova.
Maria
Holthausen
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