Em
quase todos os relacionamentos a linguagem romântica dura pouco. São raríssimos
os casais que conseguem viver, ao longo de várias décadas, uma relação de
carinho e respeito. Logo que aparecem os primeiros impasses provocados pelas
diferenças entre os parceiros, o discurso romântico é substituído por brigas
constantes.
No
dia-a-dia, as divergências de opinião e a falta de um projeto comum provocam
irritação permanente. E isso não vale só para as grandes diferenças. O
cotidiano se faz nos pequenos detalhes: Onde vamos jantar? Onde vamos passar as
férias? Que filme assistir? Como educar os filhos? O que faremos com os
parentes? E assim por diante.
São
justamente estas pequenas contradições que provocam a irritação, a raiva e,
portanto, a maioria das brigas. As afinidades
aproximam as pessoas, enquanto as diferenças as afastam.
Levamos muito tempo para aprender a conviver com as diferenças. Além do mais, a
oposição é a raiz da inveja, e a inveja é inimiga do diálogo. Nos relacionamentos
onde a diferença é vista como oposição, as brigas serão o normal, e os momentos
de encontro e harmonia serão exceções cada vez mais raras.
O
discurso romântico no casamento poderia ser bastante comum porque o amor não
padece do desejo de novidade que tanto agrada ao prazer sexual. “Ao contrário,
o amor é apego,
é vontade de aconchego, de tranquila intimidade. Trata-se de um sentimento que
floresce e frutifica melhor quando tudo é exatamente igual e antigo. Gostamos
da nossa casa, daquela velha roupa que nos agasalha tão bem. Gostamos de voltar
aos mesmos lugares do passado, da nossa cidade, do nosso país. Queremos também
sentir essa solidez e estabilidade
com o nosso parceiro amoroso. Amor é paz e descanso e deriva justamente do fato
de uma pessoa conhecer e entender bem a outra. Por isso, é importante que as
afinidades, as semelhanças, predominem sobre as diferenças de temperamento,
caráter e projetos de vida. Seres humanos parecidos poderão viver uma história
de amor rica e de duração ilimitada. Não terão motivos para divergências. Não
sentirão inveja.”
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