Aprendemos com os contos de fadas que pessoas
apaixonadas se casam e vivem felizes para sempre. O enredo desses contos nos
leva a pensar que, o fim da história, é o começo da felicidade. Os obstáculos da vida em comum de um casal não
interessam ao ideal romântico sustentado pelo enredo. Se interessasse não
seriam contos de fadas, não é mesmo? Mas a vida não é um conto de fada. O
sucesso de um casamento, na vida real, depende do nosso empenho e da
nossa disposição psíquica de ser feliz.
A realidade conspira contra esse ideal romântico, e
quem não estiver preparado para enfrentá-la pode se decepcionar muito. No dia a
dia, as dificuldades interferem negativamente em nosso sentimento amoroso e em nosso
desejo sexual. Os conflitos de
relacionamento dos tempos de namoro tendem a se intensificar. Se não tomarmos cuidado,
passaremos grande parte do nosso tempo discutindo as questões familiares e financeiras, e reclamando
que não estamos tendo o retorno que esperávamos do casamento. A troca de gestos
carinhosos e o sexo vão ficando, com o passar dos anos, cada vez mais escassos.
No período de namoro, separávamos melhor as coisas.
Compartilhávamos os nossos problemas com os parentes e amigos, só recorríamos
ao namorado para pedir conselhos ou uma ajuda eventual. Depois do casamento,
marido e mulher contam apenas um
com o outro para resolver as questões práticas. E a situação se complica
ainda mais com o nascimento dos
filhos.
As mães dão toda a atenção ao recém-nascido. As inseguranças da maternidade,
que as impulsionam a se ocupar do filho, se sobrepõe ao desejo pelo marido.
Ainda que o marido compreenda essa fase como natural, a diminuição do interesse
sexual, pouco antes e logo depois do parto, costuma frustrar os homens. Eles até
podem compreender, mas não deixam de se sentir rejeitados. Muitos homens reagem
negativamente, demonstrando menos interesse por elas. Sentindo-se menos desejadas e, por isso, menos amadas,
elas se apegam ainda mais aos filhos, alimentando um círculo vicioso perigoso
que pode ser fatal.
Exigentes, carentes de atenção e de carinho, os
filhos pequenos atropelam a vida íntima do casal, a menos que os pais imponham
limites. Posturas rigorosas
em defesa do relacionamento amoroso do casal e disposição permanente de recriar e manter condições propícias
para o romance e o erotismo são indispensáveis, para que os jovens pais não
caiam na monotonia do sexo rápido, pobre e reduzido às tardes de sábado ou
domingo.