sábado, 10 de março de 2012

Mulher: Salto Alto e Saia Justa?



Março é o mês da mulher. Não importam as críticas, a data já se consolidou: 8 de março é o dia da mulher. Gostando ou não, achando justo ou injusto, nesse dia e durante todo esse mês fala-se da mulher.

Sustentada por uma áurea mais política do que festiva, essa data provoca-nos a falar sobre as questões da mulher.  É a época de discutir, por exemplo, que apesar de todo o preparo e dedicação das mulheres no trabalho, elas ganhamos menos que os homens em qualquer cargo que ocupem. Na base da pirâmide profissional ou no ápice dela, o valor do trabalho feminino é menor que o do masculino.

Outro tema que sempre está na pauta das discussões é a tripla jornada de trabalho: profissional, esposa e mãe. Não importa se ela é Ministra de Estado, executiva ou faxineira, quando chega em casa depois de um dia pesado de trabalho, espera-se que a mulher se preocupe com a organização da casa e com a educação dos filhos. Cabe a ela organizar, cuidar e nutrir os filhos. Tarefas incondicionalmente de responsabilidade materna. O marido, quando tem marido em casa, pode, no máximo, “ajudar” nessas tarefas.

Mesmo com tantos avanços sobre os preconceitos sociais é quase improvável que alguém ache “normal” que uma mãe, ao sair do trabalho, vá para um bar beber alguma coisa com os amigos, antes de ir para casa. Na verdade, nem mesmo ela vai se sentir confortável nessa posição. A culpa por estar “desperdiçando” as poucas horas que tem para ficar com os filhos será maior do que a necessidade de relaxar e se divertir.

E por falar em culpa, acho que esse é o sentimento mais caracteristicamente feminino. São poucas as mulheres que não carregam sobre os ombros um grande pacote de culpas. Sempre preocupadas com a forma física, com o corte dos cabelos, com as modas e os modismos, elas são capazes de dormir cinco horas por noite e, ainda assim, não conseguirem tempo para todos os compromissos do dia. Sempre atentadas às infinitas demandas a sua volta - do chefe, do marido, dos filhos, dos pais, das amigas -, elas vivem administrando uma eterna dívida para com o “outro”.  E não tem jeito, se sentir em dívida, principalmente com as pessoas amadas, é se sentir culpada.

Será que essa situação um dia vai mudar? Não sei. Mas penso que é bom que todo ano, em março, sejamos convocadas a parar para pensar sobre essas questões. Quem sabe aos poucos descobrimos novos caminhos. Caminhos menos árduos e mais prazerosos.

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