Março
é o mês da mulher. Não importam as críticas, a data já se consolidou: 8 de
março é o dia da mulher. Gostando ou não, achando justo ou injusto, nesse dia e
durante todo esse mês fala-se da mulher.
Sustentada
por uma áurea mais política do que festiva, essa data provoca-nos a falar sobre
as questões da mulher. É a época de
discutir, por exemplo, que apesar de todo o preparo e dedicação das mulheres no
trabalho, elas ganhamos menos que os homens em qualquer cargo que ocupem. Na
base da pirâmide profissional ou no ápice dela, o valor do trabalho feminino é
menor que o do masculino.
Outro
tema que sempre está na pauta das discussões é a tripla jornada de trabalho:
profissional, esposa e mãe. Não importa se ela é Ministra de Estado, executiva
ou faxineira, quando chega em casa depois de um dia pesado de trabalho,
espera-se que a mulher se preocupe com a organização da casa e com a educação
dos filhos. Cabe a ela organizar, cuidar e nutrir os filhos. Tarefas
incondicionalmente de responsabilidade materna. O marido,
quando tem marido em casa, pode, no máximo, “ajudar” nessas tarefas.
Mesmo
com tantos avanços sobre os preconceitos sociais é quase improvável que alguém
ache “normal” que uma mãe, ao sair do trabalho, vá para um bar beber alguma
coisa com os amigos, antes de ir para casa. Na verdade, nem mesmo ela vai se
sentir confortável nessa posição. A culpa por estar “desperdiçando” as poucas
horas que tem para ficar com os filhos será maior do que a necessidade de
relaxar e se divertir.
E
por falar em culpa, acho que esse é o sentimento mais caracteristicamente
feminino. São poucas as mulheres que não carregam sobre os ombros um grande
pacote de culpas. Sempre preocupadas com a forma física, com o corte dos
cabelos, com as modas e os modismos, elas são capazes de dormir cinco horas por
noite e, ainda assim, não conseguirem tempo para todos os compromissos do dia.
Sempre atentadas às infinitas demandas a sua volta - do chefe, do marido, dos filhos,
dos pais, das amigas -, elas vivem administrando uma eterna dívida para com o
“outro”. E não tem jeito, se sentir em
dívida, principalmente com as pessoas amadas, é se sentir culpada.
Será
que essa situação um dia vai mudar? Não sei. Mas penso que é bom que todo ano,
em março, sejamos convocadas a parar para pensar sobre essas questões. Quem
sabe aos poucos descobrimos novos caminhos. Caminhos menos árduos e mais
prazerosos.
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