Para alguns casais, viver juntos é sinônimo de fazer tudo juntos. Dormem juntos. Almoçam juntos. Viajam juntos. Tiram férias juntos. Às vezes, até trabalham juntos. Para esses casais, não há vida fora do relacionamento. Formam um tipo de casal que poderíamos muito bem denominar de “casal fóbico”: tudo o que está fora da experiência a dois é perigoso.
Não vou negar que é bom ter companhia. Pouca gente gosta de viajar sozinha. É bom ter com quem dividir os prazeres das férias. É bom ter alguém para esquentar a cama nos dias de frio. Melhor ainda, é dividir todos esses prazeres com alguém que a gente ama e confia. Mas quando o prazer de dividir um momento feliz com alguém vira obrigação, a vida pode se tornar um inferno. As mais simples atividades diárias acabam virando palco de muita discussão e muito atrito.
Algumas vezes, o casal constrói essa dependência obsessiva do outro por causa do ciúme de um dos parceiros. O ciumento tem muito medo do desejo do outro. Por isso, precisa estar sempre controlando tudo o que o outro faz. Precisa estar sempre por perto para “proteger” o outro de desejar algo que não tenha a sua aprovação. Nesse caso, aprovação é sinônimo de controle.
Outras vezes, essa dependência é causada pela insegurança. Normalmente, um dos parceiros é muito inseguro. Precisa ter alguém “segurando a sua mão” constantemente. Precisa da aprovação constante do outro. É como uma criança que não consegue ir a lugar nenhum sem a presença da mãe. Não dorme na casa do amiguinho. Tem dificuldade de ir para escola sozinha, etc, etc. Nesse caso, o(a) parceiro(a) é o substituto da mãe super-protetora.
Em todos esses casos, e tantos outros que podíamos relacionar aqui, a possibilidade de fazer algo sozinho, estando numa relação, pode ser interpretado pelo parceiro como abandono, falta de amor ou desinteresse. Ou seja, é sempre uma ameaça. É sempre objeto de queixas.
Perde-se, nesse tipo de relação, a individualidade. A responsabilidade das escolhas. A liberdade de desejar. Não é a toa que casais que escolheram esse tipo de relacionamento, depois de alguns anos juntos, jogam a responsabilidade de seus fracassos nos ombros do parceiro.
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