O Labirinto: simboliza o
trabalho paradoxal pelo qual o sujeito se aplica a construir dificuldades – a fechar-se
nos impasses de um sistema. É o próprio espaço do obsessivo. O labirinto é o
espaço da clausura ativa. Trabalho incessante e vão para sair. O sujeito
colabora para seu aprisionamento através dos próprios esforços para escapar.
Anda sem parar, gira, etc., e continua no mesmo lugar.
Labirinto: sistema
hermeticamente fechado por sua autonomia. Exemplo: sistema de uma paixão
amorosa; no interior, nenhuma saída, e no entanto um trabalho imenso. Para
sair: ato quase mágico; percepção de outro sistema, ao qual se deve passar: o
fio de Ariadne. Esse estado é bem simbolizado pelo labirinto; sistema
inextricável de redentes a céu aberto: não há teto. Isso quer dizer que, para
alguém do exterior (com vista do alto), a solução é evidente, mas não para
aquele que está dentro: caso típico da situação amorosa.
Roland Barthes
In: Como Viver Juntos
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