Sete horas da manhã. Enquanto me arrumo para mais um dia de trabalho, ligo a televisão para acompanhar o jornal. Entre tantas notícias - o caos do transito, as previsões do tempo, o sobe e desce da economia, as fofocas políticas, as tristezas e alegrias do esporte -, meu bom humor matutino não costuma sofrer grandes alterações.
Hoje, no entanto, uma cena do jornal da manhã me fez começar o dia com um sentimento de enorme tristeza. A cena, provavelmente você também viu, foi da criança sendo arrancada dos braços da mãe. A mãe desesperada gritava agarrada a criança. Um policial segurava a mãe por trás, enquanto outro tentava arrancar a criança do seu colo. (Na verdade, se bem me lembro, era uma mulher vestindo uma farda, não sei dizer se era da polícia, que tentativa tirar a criança do colo da mãe).
A truculência da policia sobre a mãe e a criança não faz e nunca fará sentido. Em nome de um “bem maior” se cometeu um enorme violência. O ato da policia de tirar a criança da mãe, de forma perversa e chocante, foi justificado pelo mau comportamento da mãe. De acordo com a notícia, a mãe, uma cigana, vivia “trabalhando” na rua com a filha.
Mesmo que a intenção fosse de proteger a criança, a ação foi desastrosa. Existem muitos modos de violência. Uma mãe que usa uma criança para ganhar dinheiro é um modo de violência. Uma mãe que violenta uma criança fisicamente, é outro modo de violência. E, mesmo assim, não é admissível o uso da violência policial para salvar a criança em nenhum desses casos.
Não se faz justiça usando de violência. Não se defende os direitos da criança violentando-a. Os gritos e o choro daquela criança sendo arrancada dos braços da mãe, os braçinhos estendidos em direção da mãe enquanto era levada pela policial, são marcas de um desamparo que vai ser muito difícil de esquecer.
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