A
Fobia Social se apresenta através de um medo persistente, irracional e
desproporcional de um objeto ou atividade, que não são realmente perigosas.
Essa definição, didaticamente apresentada, parece simples e fácil de assimilar.
Porém, para aqueles que sofrem de algum tipo de fobia social ela significa
muito pouco.
Afinal,
como definir o enorme mal estar físico causado por uma situação fóbica?
Acredito que seria melhor definir a fobia como medo de ter medo. Um medo
causado por algo que não se sabe o que é. A pessoa sabe que tem medo, mas não
sabe do que tem medo. Por isso mesmo, o sentimento mais comumente
identificado pelas pessoas que enfrentam algum tipo de fobia na sua vida
cotidiana é o de vergonha.
Vergonha,
por exemplo, de não conseguir sentar tranquilo em um restaurante, com os amigos
ou a(o) namorada(o), e desfrutar prazerosamente uma boa refeição. Para os que
sofrem com a fobia de “comer em público” essa experiência, que parece tão comum
a qualquer mortal, causa um sofrimento enorme. Um sofrimento que, na maioria
das vezes, começa na hora do convite.
Se
a fobia é generalizada, a pessoa vai achar um meio de recusar os convites
que surgirem. A ideia de entrar em um restaurante e comer com pessoas estranhas
olhando para ela causa tanta ansiedade, que a melhor solução é se recusar a
participar desses encontros sociais.
Felizmente,
para alguns, a fobia não é tão generalizada e vai-se encontrando meios de
contornar a ansiedade. Em alguns casos, levar um parente ajuda a aliviar a angústia.
Em outros, é a escolha do lugar em que vai sentar dentro do restaurante, que
pode aliviar a angústia. Uma mesa de canto, uma cadeira que permita que a
pessoa fique de costa para o público. Ou até, simplesmente, não ocupar as mesas
que ficam nas varandas ou calçadas em frente ao restaurante, já resolve.
Nesses
casos, a pessoa consegue esconder a fobia dos amigos e, às
vezes, até mesmo da família. Infelizmente, não consegue esconder de si mesmo.
Cada vez que vai a um restaurante dispara a ansiedade e com ela a frustração de
não conseguir controlar uma situação tão comum do dia a dia.
A
fobia de “comer em público” é apenas uma no quadro das chamadas Fobias Sociais.
O medo de “falar em público” é outra fobia bastante comum. A maioria das
pessoas sofre alguma inibição quando tem que falar em público. Mas a fobia de
falar em público vai muito além da inibição. No quadro de inibição as mãos
tremem levemente, a pessoa fica ruborizada, dá um branco logo no início da
fala. Sintomas que durante a apresentação vão diminuindo, ou ficando muito
leve.
Mas,
quando a inibição se transforma em fobia, muitas vezes, a pessoa começa a
sofrer semanas antes da data da apresentação. De início a ideia provoca
aflição, depois agonia e, por fim, torna-se um tormento. Na véspera, a situação
fica caótica e podem aparecer sintomas como: dor de cabeça, diarreia, insônia,
excesso de suor, tosse nervosa, tremores e forte angústia. No dia da
apresentação tudo parece sair do controle. A vergonha, a ansiedade e o medo que
se transforma em pânico, alcançam graus inimagináveis. É como um fogo que se
alastra sem controle, fazendo com que a pessoa perca totalmente o domínio da
situação. Dificilmente a tarefa de falar em público consegue ser realizada.
É
claro que essas fobias causam muito sofrimento. Elas restringem a vida social e
podem tornar-se um pesadelo no ambiente profissional. Mas não podemos esquecer
que elas causam, também, muita vergonha. É este sentimento de vergonha que faz
com que a pessoa tente esconder sua dor, na esperança que um dia ela passe.
Para elas, até buscar ajuda profissional fica difícil. Pois como confessar um
medo que a principio não tem sentido algum?
Embora
cause tanta dor, a fobia é uma estratégia defensiva do ego, desenvolvida para
lutar contra a angústia. Ou seja, num trabalho terapêutico não é a fobia que
está em causa, mas o nível de angústia suportado pelo sujeito. Conforme nos
mostra Freud no caso do Pequeno Hans, foi falando sobre suas angústias diárias
que o menino superou a sua fobia por cavalos.
Maria Holthausen
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