quarta-feira, 28 de maio de 2014

Fobia Social: Medo de quê?



A Fobia Social se apresenta através de um medo persistente, irracional e desproporcional de um objeto ou atividade, que não são realmente perigosas. Essa definição, didaticamente apresentada, parece simples e fácil de assimilar. Porém, para aqueles que sofrem de algum tipo de fobia social ela significa muito pouco.

Afinal, como definir o enorme mal estar físico causado por uma situação fóbica?  Acredito que seria melhor definir a fobia como medo de ter medo. Um medo causado por algo que não se sabe o que é. A pessoa sabe que tem medo, mas não sabe do que tem medo.  Por isso mesmo, o sentimento mais comumente identificado pelas pessoas que enfrentam algum tipo de fobia na sua vida cotidiana é o de vergonha.

Vergonha, por exemplo, de não conseguir sentar tranquilo em um restaurante, com os amigos ou a(o) namorada(o), e desfrutar prazerosamente uma boa refeição. Para os que sofrem com a fobia de “comer em público” essa experiência, que parece tão comum a qualquer mortal, causa um sofrimento enorme. Um sofrimento que, na maioria das vezes, começa na hora do convite. 

Se a fobia é generalizada, a pessoa vai achar um meio de recusar os convites que surgirem. A ideia de entrar em um restaurante e comer com pessoas estranhas olhando para ela causa tanta ansiedade, que a melhor solução é se recusar a participar desses encontros sociais.

Felizmente, para alguns, a fobia não é tão generalizada e vai-se encontrando meios de contornar a ansiedade. Em alguns casos, levar um parente ajuda a aliviar a angústia. Em outros, é a escolha do lugar em que vai sentar dentro do restaurante, que pode aliviar a angústia. Uma mesa de canto, uma cadeira que permita que a pessoa fique de costa para o público. Ou até, simplesmente, não ocupar as mesas que ficam nas varandas ou calçadas em frente ao restaurante, já resolve. 

Nesses casos, a pessoa consegue esconder a fobia dos amigos e, às vezes, até mesmo da família. Infelizmente, não consegue esconder de si mesmo. Cada vez que vai a um restaurante dispara a ansiedade e com ela a frustração de não conseguir controlar uma situação tão comum do dia a dia.

A fobia de “comer em público” é apenas uma no quadro das chamadas Fobias Sociais. O medo de “falar em público” é outra fobia bastante comum. A maioria das pessoas sofre alguma inibição quando tem que falar em público. Mas a fobia de falar em público vai muito além da inibição. No quadro de inibição as mãos tremem levemente, a pessoa fica ruborizada, dá um branco logo no início da fala. Sintomas que durante a apresentação vão diminuindo, ou ficando muito leve.

Mas, quando a inibição se transforma em fobia, muitas vezes, a pessoa começa a sofrer semanas antes da data da apresentação. De início a ideia provoca aflição, depois agonia e, por fim, torna-se um tormento. Na véspera, a situação fica caótica e podem aparecer sintomas como: dor de cabeça, diarreia, insônia, excesso de suor, tosse nervosa, tremores e forte angústia. No dia da apresentação tudo parece sair do controle. A vergonha, a ansiedade e o medo que se transforma em pânico, alcançam graus inimagináveis. É como um fogo que se alastra sem controle, fazendo com que a pessoa perca totalmente o domínio da situação. Dificilmente a tarefa de falar em público consegue ser realizada.

É claro que essas fobias causam muito sofrimento. Elas restringem a vida social e podem tornar-se um pesadelo no ambiente profissional. Mas não podemos esquecer que elas causam, também, muita vergonha. É este sentimento de vergonha que faz com que a pessoa tente esconder sua dor, na esperança que um dia ela passe. Para elas, até buscar ajuda profissional fica difícil. Pois como confessar um medo que a principio não tem sentido algum?

Embora cause tanta dor, a fobia é uma estratégia defensiva do ego, desenvolvida para lutar contra a angústia. Ou seja, num trabalho terapêutico não é a fobia que está em causa, mas o nível de angústia suportado pelo sujeito. Conforme nos mostra Freud no caso do Pequeno Hans, foi falando sobre suas angústias diárias que o menino superou a sua fobia por cavalos.


 Maria Holthausen



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